Morte durante campanha de Tarcísio teve ‘indícios de execução’, diz Tortura Nunca Mais

Atualizado em 27 de outubro de 2022 às 0:56
Momento em que Tarcísio deixa Paraisópolis após tiroteio
Foto: Reprodução/TV Globo

O grupo Tortura Nunca Mais levantou a hipótese de que Felipe Silva de Lima, de 27 anos, morto em Paraisópolis, zona sul da capital paulista, no dia 17 de outubro, tenha sido executado, segundo a Ponte Jornalismo.

Na ocasião, o candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) cumpria agenda de campanha na favela quando ocorreu um tiroteio. Um áudio revelado pela Folha de S. Paulo aponta que um dos seguranças da comitiva do candidato pediu para que um cinegrafista da Jovem Pan apague imagens feitas no momento dos tiros, o que motivou um pedido de esclarecimento junto à Ouvidoria das Polícias de São Paulo.

De acordo com a Ponte, no documento, enviado na terça-feira (25), o movimento de defesa dos direitos humanos relata que após uma semana do ocorrido, pouco foi divulgado sobre o andamento das investigações. Ariel de Castro Alves, presidente do Tortura Nunca Mais, diz que falta transparência por parte da Polícia Civil sobre o que ocorreu no dia da visita do candidato ao local.

“A Polícia Civil já teria condições de ter esclarecido. Na verdade, parece que ocorreu uma execução, sem confronto nenhum, de um jovem que, junto com um outro, passava pelo local. Diante da execução [a polícia] teria criado um factoide de intimidação ou atentado ao candidato. Está parecendo ter sido uma grande farsa”, afirma.

O Tortura Nunca Mais argumenta ainda que em nenhum momento a polícia esclareceu se o homem que foi morto estava armado ou não. Pelas imagens que foram feitas por policiais de dentro de um carro onde mostra Renato e um outro rapaz em uma moto, não é possível detectar nenhuma arma.

“O que precisa se esclarecer é se foi planejado antes pela coordenação de campanha que foram na comunidade que qualquer suspeito que aparecesse, deveriam atirar contra, para apresentarem uma versão de atentado contra o candidato, ou se foi uma execução cometida por policiais. O que temos até agora é um crime comum. O homicídio do rapaz, sem confronto e desarmado. E o crime político, da tentativa de criar uma farsa de um atentado inexistente”, completa o presidente do Tortura Nunca Mais.

A campanha de Tarcísio afirma que o episódio sobre a divulgação do áudio em que é pedido que as imagens sejam apagadas foi retirado de contexto. No entanto, no comunicado enviado à Ponte, não menciona a morte de Renato de Lima. A assessoria do candidato afirma que estão tentando se aproveitar eleitoralmente da situação.

“Em nome da campanha de Tarcísio, destacamos que toda a equipe da campanha e do instituto passaram por um episódio traumático, no qual tiveram as suas vidas em risco. O uso desrespeitoso de parte da imprensa e da campanha de Fernando Haddad (PT) sobre esse episódio é algo que extrapola qualquer limite referente a posicionamentos políticos e à própria disputa eleitoral”, diz.

A campanha de Tarcísio argumenta que o pedido foi para que ninguém filmasse dentro da van que levou os profissionais de imprensa da área onde ocorreram os disparos até uma base onde estava a equipe do candidato.

“O cinegrafista, bem como outros jornalistas que estavam em situação de risco, foram colocados na van da equipe de Tarcísio para garantir a sua segurança na saída do local. Nesse momento, foi pedido que não fossem feitas imagens internas do carro e nem na chegada da base de trabalho da equipe para que ninguém fosse exposto dada a gravidade do ocorrido”, afirma a campanha.

Em nota, a Ouvidoria das Polícias de São Paulo informou que recebeu o pedido do Tortura Nunca Mais e vai pedir a Polícia Civil as conclusões sobre o caso. “O Ouvidor das Polícias de São Paulo, requisitou à Corregedoria da Polícia Militar e ao DHPP – Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa, informações detalhadas das investigações em curso, como os laudos oficiais, relatórios com as conclusões das investigações e cópias de possíveis imagens captadas através de COPs- Câmeras Acopladas aos policiais, caso tenham sido utilizadas nessa ação e outras imagens que possam ter sido captadas no local”, diz o comunicado.

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