Mourão ataca o silêncio de Bolsonaro e os que tentaram envolver as Forças Armadas no golpe. Por Moisés Mendes

Atualizado em 22 de fevereiro de 2023 às 1:14
Senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos). Foto: Reprodução

Publicado originalmente no “Blog do Moisés Mendes”

Hamilton Mourão ocupou o vácuo deixado por Bolsonaro para atacar Bolsonaro.

Na fala à nação, em rede de rádio e TV, agora à noite, o general vice-presidente disse, sem citar seu chefe, que Bolsonaro acabou por envolver as Forças Armadas no blefe do golpe ao mobilizar manés e patriotas para que acampassem na frente dos quartéis.

O general não cita o derrotado nem os manés e os caminhoneiros que bloquearam estradas, mas nem era preciso.

Este é o trecho dirigido ao silêncio de Bolsonaro e aos terroristas incentivados pelo bolsonarismo:

“Lideranças que deveriam tranquilizar a nação em torno de um projeto de país deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desagregação social e, de forma irresponsável, deixaram que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta. Para uns por inação e para outros por fomentar um pretenso golpe”.

O restante do discurso tratou de um Brasil que não existe, sob o ponto de vista do governo que termina.

Mourão fez um balanço positivo do governo, atacou os três poderes, com críticas principalmente ao Supremo, reconheceu a luta dos que defenderam as posições conservadoras nas eleições e anunciou que fará oposição ao governo Lula sem trégua.

O general eleito senador deu um recado muito mais ao bolsonarismo do que ao PT e a Lula.

Mourão está se habilitando, ao se desplugar do golpismo, a ocupar o lugar de Bolsonaro na extrema direita, mas sem vínculos com o ex-líder.

Mourão decidiu falar em rede nacional para entregar Bolsonaro aos que pretendem devorá-lo, agora sem poder e sem imunidades.

Carimbou o derrotado como golpista e irresponsável e o acusou de desrespeitar as Forças Armadas. Mourão jogou o derrotado contra os militares.

A crítica não deixa de atingir também fardados colegas de Mourão, que ficaram ao lado de Bolsonaro até o fim.

Qual é o contingente das forças que Mourão está representando com a sua fala e qual é a expressão política e numérica desse grupo dentro das três armas?

Vamos esperar agora a resposta do foragido, que teve em Mourão um dos seus protetores nesses quatro anos.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link