MPF alegou falta de espaço em hardware para destruir HDs da Odebrecht; autorização foi de juiz substituto de Moro

Atualizado em 19 de maio de 2023 às 9:58
Luiz Antônio Bonat, ex-juiz da Lava Jato

O Ministério Público Federal do Paraná destruiu, em maio de 2022, sete discos rígidos com as cópias dos sistemas “MyWebDay” e “Drousys”.

Eles continham informações do “departamento de propinas” da Odebrecht. Os pedidos e a autorização para a destruição dos dados constam nos autos do processo do acordo de leniência da construtora, que estavam em sigilo até terça-feira (16).

Em outubro de 2021, o MPF do Paraná solicitou a “exclusão dos dados de storage em que armazenada a cópia dos sistemas da Odebrecht”. O argumento foi de que ocupava muito espaço em hardware.

Quem autorizou, em dezembro de 2021, foi o curitibano Luiz Antonio Bonat, que sucedeu Moro na 13ª Vara Federal. Ele entendeu não haver “qualquer óbice à exclusão, por definitivo”, da cópia do “sistema de contabilidade paralela da Odebrecht” e que o material tinha “pouca utilidade enquanto não indexado”. Desde 2022, Bonat é desembargador do TRF-4.

Se o pedido era de exclusão dos dados, para que os HDs fossem utilizados para armazenar informações de outras “relevantes atuações” do MPF, o destino do equipamento foi outro.

“Referido material atualmente ocupa hardware com elevada capacidade de processamento e armazenamento que, por consequência, deixa de ser disponibilizado para outras relevantes atuações do MPF”, diz a solicitação, que leva a assinatura dos procuradores Roberson Pozzobon, o “Robito”, ex-melhor amigo do cassado Deltan Dallagnol, o “Delta”,  e Monique Checker.

Em maio de 2022, o grupo ligado à Lava Jato informou no processo que os sete discos rígidos foram “sanitizados” com a utilização de uma “furadeira de bancada”, de modo que as informações gravadas “ficaram irrecuperáveis”. Os HDs foram “encaminhados ao setor de descarte de recicláveis”.