MPF pede afastamento de diretor-geral da PRF por 90 dias por favorecer Bolsonaro na campanha

Atualizado em 15 de novembro de 2022 às 13:19
Silvinei Vasques, diretor-geral da PRF. Foto: Reprodução

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF-RJ) pediu o afastamento por 90 dias do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques.

Os procuradores alegam que Silvinei fez uso indevido do cargo ao pedir, em mais de uma ocasião, voto para o presidente Jair Bolsonaro (PL). O diretor-geral fez uma postagem no Instagram às vésperas do segundo turno declarando apoio ao atual mandatário. Depois da repercussão negativa, ele apagou o conteúdo.

“A vinculação constante de mensagens e falas em eventos oficiais, entrevista a meio de comunicação e rede social privada, mas aberta ao público em geral, tudo facilmente acessível na internet, sempre associando a própria pessoa do requerido à imagem da instituição PRF e concomitantemente à imagem do Chefe do Poder Executivo federal e candidato à reeleição para o mesmo cargo, denotam a intenção clara de promover, ainda que por subterfúgios ou mal disfarçadas sobreposição de imagens, verdadeira propaganda político-partidária e promoção pessoal de autoridade com fins eleitorais”, aponta documento do MPF-RJ.

O Ministério Público também menciona as blitzes realizadas pela PRF durante o segundo turno das eleições e o comportamento leniente da corporação diante dos bloqueios golpistas em estradas federais: “Não é possível […] dissociar da narrativa desta inicial a possibilidade de que as condutas do requerido, especialmente na véspera do pleito eleitoral, tenham contribuído sobremodo para o clima de instabilidade e confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das eleições e após a divulgação oficial do resultado pelo TSE.”

No dia da votação no segundo turno, policiais pararam ônibus que faziam transporte gratuito de eleitores, contrariando determinação da Justiça. A corporação alega que apenas vistoriou questões técnicas dos veículos. A Polícia Federal (PF) abriu inquérito para investigar o caso.

Wikipédia

No final da última semana, a PRF pediu ao Wikipédia a exclusão do verbete dedicado a Silvinei Vasques. O ofício formalizando a demanda também solicita a revelação dos nomes dos usuários que editaram as informações da página. Nela, consta que o diretor-geral é “bolsonarista”.

O verbete destaca ainda casos de violência recentes em que a PRF esteve envolvida, como a chacina da Vila Cruzeiro, em que 23 pessoas foram mortas em maio deste ano, e o assassinato de Genivaldo de Jesus, asfixiado em um camburão na corporação em Sergipe.

No ofício enviado ao Wikipédia, a Diretoria de Inteligência alega que houve “exposição indevida” de Silvinei e afirma que “eventuais medidas” podem ser adotadas contra os responsáveis pelo conteúdo.

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