MST lança carta ao povo brasileiro rumo aos 40 anos do Movimento

Atualizado em 27 de janeiro de 2023 às 17:13
Reunião da Coordenação Nacional do Movimento. Foto: Ju Adriano

Documento elaborado como síntese da primeira reunião da Coordenação Nacional do Movimento de 2023 é divulgado nesta sexta-feira (27)

Com a representação de delegações de 22 estados do país, o MST realizou ao longo desta semana a reunião da Coordenação Nacional do Movimento, em Luiziânia (GO).

A atividade ocorre em um período de muita simbologia para o Movimento, em especial pela comemoração dos 39 anos da fundação do MST, celebrado no último domingo (22), e do aniversário de inauguração da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), comemorado nesta segunda (23).

As celebrações somam-se ainda à conquista da posse do presidente Lula em 2023, luta pela qual o Movimento se engajou ao longo do último ano.

A reunião, que ocorre até esta sexta-feira (27), conta com uma programação de debates, reuniões de trabalho, mas também de espaços de mística e celebração da organização e das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo.

Contando com a representação de brigadistas internacionalistas do MST que estão atuando em diversos continentes pelo mundo, além da presença de parlamentares e governistas que integraram a programação do encontro, debatendo a conjuntura atual.

Como síntese das análises e rumos próximos que marcarão os próximos passos rumo aos 40 anos do Movimento, conjuntamente, a Coordenação Nacional lança carta com mensagem política com reflexões e diretrizes para 2023.

Carta de Luziânia
Mensagem ao Povo Brasileiro

Arrancamos nas ruas e nas urnas uma importante vitória para o povo brasileiro ao elegermos Lula presidente. Derrotamos os golpistas de 2016, o avanço da extrema direita, a tutela militar e o projeto fascista, que hegemonizou o Estado brasileiro nos últimos anos. Vencemos uma importante batalha, mas sabemos que a luta continua.

Os desafios são grandes, pois vivemos uma grave crise do capitalismo, de dimensão econômica, política, social e ecológica, que coloca em risco toda a humanidade. Estamos diante de um cenário altamente destrutivo, derivado de um sistema de dominação e opressão múltipla: patriarcal, racista, capitalista e colonial, que concentra cada vez mais a riqueza e aprofunda a desigualdade social.

No Brasil, a crise se aprofundou nos últimos anos, assumindo um caráter ainda mais violento, de feição fascista e orientação econômica ultraliberal. As consequências são trágicas e impactam de forma decisiva no conjunto da sociedade, ampliando as desigualdades, a partir da retirada de direitos sociais e da destruição ambiental.

As forças populares, que deram a vitória a Lula – mulheres, negros, juventude, sujeitos LGBTI+, povos originários, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade – defendem um projeto popular de país, que enfrente a exploração, a opressão, a exclusão, a fome, a negação de direitos, a concentração de terra, a destruição ambiental e o envenenamento da natureza, dos alimentos, das águas e das pessoas.

Superar essas violências no conjunto da classe trabalhadora será o ponto de partida para construção de um Brasil do tamanho dos nossos sonhos, como afirmou o presidente Lula em seu discurso de posse. Precisamos derrotar as práticas do discurso de ódio, das fake news, o fundamentalismo, a intolerância religiosa e a manipulação das mentes.

Diante destes desafios, Coordenação Nacional do MST, reunida em Luziânia – GO, com seus mais de 450 delegados e delegadas, de todos os estados do Brasil, reafirma seus compromissos:

Impulsionar a participação popular na condução dos rumos do país, através da mobilização permanente e da continuidade da luta contra o fascismo no Brasil e no mundo;

Defender a Reforma Agrária Popular como indispensável para a produção de alimentos saudáveis e superação da fome;

Enfrentar o modelo do agronegócio, que concentra terras, destrói a natureza, promove o desmatamento e nos envenena com agrotóxicos. Esse modelo não paga impostos, produz apenas commodities e não alimenta o povo;

Combater a crise climática, garantindo os direitos dos povos e da natureza, com medidas reais contra o desmatamento, a degradação e o aumento das emissões. Não à economia verde e suas falsas promessas!

Denunciar e se mobilizar permanentemente contra todas as formas de violência, discriminação, racismo, misoginia, LGBTIfobia e intolerância religiosa, fomentadas pelo agrogolpismo e o bolsonarismo fascista;

Acumular forças no próximo período, através da articulação entre as organizações populares do campo e da cidade, exercitando a solidariedade de classe e a unidade na luta, entendendo que sem organização, formação e mobilização popular não haverá nenhuma mudança verdadeira no país.

Nos comprometemos a cultivar a solidariedade e a construir a necessária organização de nosso povo.

Seguiremos no nosso Plano Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis.

Priorizaremos a luta pela educação do povo, nas campanhas de alfabetização e nos processos de formação política e de batalhas das ideias.

Defendemos a soberania de todos os povos e condenamos os bloqueios econômicos, as bases militares, as guerras e as agressões imperialistas em todo mundo, que apenas garantem mercado para a indústria armamentista e provoca mortes.

Nos juntaremos a todos que defendem os povos originários e exigimos a demarcação das terras quilombolas e indígenas, para que a tragédia que o povo Yanomami enfrenta, não se repita.

A luta é nossa força! A organização é nosso chão e a sociedade justa, solidária e socialista é nosso caminho.

Viva a luta por Reforma Agrária Popular! Viva o direito legítimo dos povos em ocupar os latifúndios e romper as cercas da destruição. Seguiremos pisando ligeiro, rumo aos 40 anos do MST!

Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!

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