Destaques

MST repudia denúncias não comprovadas contra a luta pela terra

Bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Foto: Reprodução

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem a público repudiar os ataques realizados contra a luta pela terra na sessão da CPI contra o MST, que ocorreu nesta terça-feira (8), na Câmara dos Deputados, em Brasília, DF.

A Comissão ouviu três pessoas residentes no município de Prado, Bahia, que se dizem “ex-militantes” do MST: Benevaldo da Silva Gomes, ex-participante do acampamento Egídio Bruneto; Elivaldo da Silva Costa, que se diz presidente do Projeto de assentamento Rosa do Prado; e Vanuza dos Santos de Souza, ex-participante do Acampamento São João.

Em pauta, uma série de acusações infundadas que, além de evidenciarem o ataque sistemático à luta pela terra naquela Comissão, também trazem à tona a articulação do bolsonarismo em áreas rurais.

A principal figura usada para atacar a luta pela terra foi Elivaldo da Silva Costa, conhecido como Liva do Rosa do Prado. Liva é militante bolsonarista e foi candidato a deputado estadual nas últimas eleições apoiando o ex-presidente Bolsonaro. Morando no assentamento Rosa do Prado, conquistado a partir da luta do MST, Liva é parte de um grupo que, desde 2020, utiliza de métodos violentos para ameaçar e aterrorizar famílias da região.

Elivaldo da Silva Costa durante depoimento na CPI do MST. Foto: Reprodução

Tal grupo, durante a gestão Bolsonaro, valia-se da promessa de titulação dos lotes nos assentamentos para cooptar famílias e tensionar a relação delas com o MST. No entanto, em todo o estado da Bahia, a gestão Bolsonaro entregou somente 400 títulos definitivos.

Ao longo da tarde, diversos ataques ao MST e à luta pela terra foram proferidos: ameaças de morte, extorsão, lesão corporal, etc. No entanto, em nenhum deles foi apresentado algum tipo de comprovação dos fatos e das autorias. Nenhum boletim de ocorrência, inquérito ou processo criminal foi entregue à Comissão.

Contra os militantes do MST atacados, não corre nenhum inquérito ou processo criminal. Inclusive, estes já ingressaram com denúncia junto à Polícia Civil da Bahia pelos crimes de calúnia e difamação praticados durante a sessão. Os ataques de invasão à domicílio apresentados na sessão desta terça-feira foram denunciados à época pelo próprio Movimento Sem Terra, o qual exigiu investigação e elucidação dos crimes praticados.

O MST reafirma seu compromisso na luta de quase 40 anos pela terra e pela Reforma Agrária. É a luta realizada pelas Famílias Sem Terra em todo país, que garantiram o assentamento de mais de 450 mil famílias em 24 estados.

A organização do MST na Bahia permitiu o assentamento de 13 mil famílias, em 168 assentamentos, presentes em 121 municípios. Estas conquistas sintetizadas em números permitem hoje a organização de 15 cadeias produtivas principais, entre elas, arroz, café, frutas, cacau, leite e mandioca. Na pandemia, as Famílias Sem Terra do estado doaram 342 toneladas de alimentos e mais de mil litros de leite à população baiana mais carente.

No total, 120 escolas dedicadas a atender as necessidades específicas dessas comunidades rurais. Estas escolas são conduzidas por mais de 700 educadores dedicados, que atuam como agentes de mudança, levando conhecimentos técnicos e práticas agroecológicos para as salas de aula.

Em 2021, quando fortes chuvas atingiram o sul da Bahia, causando enchentes que atingiram 30 municípios e deixaram 3,7 mil desabrigadas(os), além de 70 mil pessoas na região em situação de emergência, o MST distribuiu 13.465 marmitas, 120 toneladas de alimentos e 17 mil cestas básicas, garantindo sustento de inúmeras famílias em tempos de dificuldades.

Desde 2020, as famílias ligadas ao MST na Bahia plantaram mais de 1 milhão de mudas de árvores nas áreas em que vivem. Além disso, já são 11 viveiros coletivos espalhados por assentamentos nas regiões do Extremo Sul, Chapada, Recôncavo e Nordeste, com capacidade de produção anual de 284 mil mudas.

O MST lamenta o baixo nível e a falta de legitimidade desta CPI, que é usada por setores do agronegócio e da extrema direita para atacar a legitimidade da luta pela terra e a moral das Famílias Sem Terra. Usar a Comissão como palco para agitar sua base social e deslegitimar a luta pela terra, na tentativa de encontrar um caminho para a criminalização da Reforma Agrária é um desserviço à sociedade brasileira.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link
Diario do Centro do Mundo

Disqus Comments Loading...
Share
Published by
Diario do Centro do Mundo

Recent Posts

A catástrofe no RS, os saqueadores, o cavalo no telhado e as ratazanas. Por Moisés Mendes

Um homem pegou uma picareta e, para acabar com o barulho que o incomodava, destruiu…

1 minuto ago

VÍDEO – Jorge Seif aparece bêbado em live e vira piada nas redes: “Desliga isso”

O senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC) fez uma live na última quinta-feira (9) comentando as…

25 minutos ago

Caso Marielle: Major Ronald ajudou definir data e local do crime, diz PGR

Ronald Paulo de Alves Pereira, o Major Ronald, foi apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR)…

1 hora ago

“Perigo extremo’: RS volta ter temporais com ventos até 90 km/h a partir desta sexta

O Rio Grande do Sul está sob um aviso de "perigo extremo" devido à previsão…

1 hora ago

Tragédia no RS atinge 1,7 milhão de pessoas e mais de 395 mil ficam desabrigados

O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise sem precedentes após uma série de temporais…

2 horas ago

Brazão nomeou parentes de milicianos na Alerj para garantir influência, diz PGR

Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), é acusado pela Procuradoria Geral…

2 horas ago