Mulheres relatam episódios de assédio de Marcius Melhem e humorista responde: “Brincadeiras”

Atualizado em 24 de março de 2023 às 16:30
Marcius Melhem
Humorista Marcius Melhem é acusado de assédio sexual.
Foto: Arquivo/TV Globo

As mulheres que acusam Marcius Melhem, ex-chefe do núcleo de humor da TV Globo, de assédio sexual e moral, relatam que viviam um ambiente de constrangimento com ele na emissora. Um grupo de 11 pessoas relatou, em entrevista à coluna de Guilherme Amado no Metrópoles, como era trabalhar com o humorista.

Segundo Dani Calabresa, a primeira a denunciar o caso, ela “fingia que achava engraçado” para evitar constrangimento com o então chefe. A atriz ainda conta que ele tentava descredibilizá-la para os colegas como forma de evitar que eventuais denúncias fossem levadas a sério.

“Estava insustentável trabalhar em um ambiente em que eu comecei a perceber que eu era barrada dos convites; que eu não era liberada para as coisas; que eu estava trabalhando com tremedeira; que ele se aproveita das brincadeiras para brincar ereto; que ele pega de verdade; ele tenta enfiar a língua de verdade. Não é selinho, não é piada, não é brincadeira”, relata.

Ela ainda diz que a desqualificação das vítimas era uma “estratégia” para desestruturar os relatos. “Como ele não consegue comprovar, porque é verdade, ele tenta confundir a opinião pública e manipular a narrativa de ‘são todas loucas’. Só que olha quantas loucas e esse grupo não está completo”, prossegue.

Segundo as vítimas, ele praticava uma espécie de abuso psicológico fazendo com que elas se sentissem dependentes dele para manter suas carreiras. Uma delas conta que se sentia “devendo a ele”.

As responsáveis pelos relatos, além de Dani, são as atrizes Renata Ricci, Georgiana Góes, Veronica Debom, Maria Clara Gueiros; as roteiristas Luciana Fregolente e Carolina Warchavsky; os diretores Cininha de Paula e Mauro Farias; e os atores Marcelo Adnet e Eduardo Sterblicht.

Luciana contou que o humorista abriu a calça para ela em seu primeiro dia de trabalho, mas se manteve porque “era o emprego de seus sonhos”. O episódio teria acontecido em 2014, segundo ela.

Ricci diz que as histórias das vítimas sempre foram muito protegidas, já que nem todas se conheciam ou sabiam que as outras teriam passado pelo mesmo. “A Dani ter coragem de falar foi o estopim, só que não está fácil. Se eu to aqui, eu não dormi essa noite, to tremendo de medo. Tem muitas pessoas que também não estão aqui”, conta.

Em resposta, Melhem afirmou que o ambiente de trabalho era de humor e que as pessoas brincavam o tempo todo. “Fiz brincadeiras na época, que eu como chefe não deveria ter feito”, diz.

O ex-diretor da Globo nega ter encostado o pênis em uma das vítimas ou que tenha tentado forçar um beijo. “Eu tinha uma brincadeira com um redator de brincar, de chegar, só com os meninos e não todos, só com quem tinha mais intimidade. Que era chegar e encostar o pênis no homem. Não tinha nada de erótico nisso”, alega.

Sobre a acusação de que mostrou sua cueca a uma das vítimas, Melhem diz que “ela amava essa brincadeira” e que era uma espécie de “trote”: “Você recebia a pessoa no primeiro dia de cueca. Homens e mulheres. Tomavam aquele susto, brincadeira babaca”.

O humorista ainda diz que deveria ter recebido “um treinamento” ao ser colocado no posto de chefe. Ele também tentou descredibilizar o relato das vítimas, dizendo que algumas foram “convencidas” e estão “com sentimento de causa”.

“Eu acho que tem gente aí de bom coração. Tem gente que está ai com sentimento de causa, de pertencimento, que inclusive nem sabe que é vítima. Que foi convencido por esse tríade”, finaliza.

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