Mundurukus do Pará estão com altos níveis de mercúrio no corpo, alerta Fiocruz

Atualizado em 3 de fevereiro de 2024 às 22:50
Povo indígena Munduruku. Foto: Agência Brasil/ Marcelo Camargo

Uma pesquisa realizada pela Fiocruz evidencia que os indígenas da tribo Munduruku, que habitam o interior do Pará, apresentam níveis preocupantes de mercúrio em seus corpos. A contaminação resulta do garimpo ilegal praticado na região.

O povo Munduruku, com mais de 9,2 mil integrantes, é o mais numeroso do Pará. O cacique Jairo Saw Munduruku observou a transformação desse ambiente e seus habitantes.

“O rio não é o mesmo, você já não consegue mais enxergar os peixes que estão lá no fundo. A gente começou a notar assim, alguns sintomas de criança, com dificuldade de se movimentar, mobilidade, então, algumas doenças que vinham apresentando e a gente não sabia o que era”, contou.

Em busca de respostas, a Fiocruz enviou pesquisadores para a região, constatando a contaminação dos peixes por mercúrio. O povo Munduruku já estava contaminado, sendo mais alarmante nas mulheres.

Indígenas Munduruku. Foto: Reprodução

“O que mais assustou era que era as mulheres que estavam mais contaminadas (com mercúrio). E muitas mulheres, o próprio médico falava, que o leite materno das mulheres que amamentava, que estava contaminando também as crianças”, afirmou Alessandra Korap, liderança indígena.

A Fiocruz analisou amostras de cabelo dos indígenas, revelando que, em uma aldeia, pelo menos oito pessoas tinham níveis alarmantes de mercúrio no corpo, alguns até o dobro e um deles o triplo do aceitável pela OMS. Essas constatações alertam para um alto risco de adoecimento, especialmente em crianças.

Pesquisadores da Fiocruz estão acompanhando de perto 80 crianças Munduruku, enquanto neuropediatras da USP e de Harvard analisam os casos.

O mercúrio, utilizado por garimpeiros na purificação do ouro, está causando estragos na terra indígena Munduruku, a segunda com maior área de garimpo no país, conforme estudo da ONG MapBiomas.

Na área do Rio das Tropas, uma das áreas mais impactadas e ameaçadas pelo garimpo em Jacareacanga, a Polícia Federal registrou 320 alertas de novos garimpos dentro da terra indígena.

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