Na Espanha, Lula convoca campo progressista para enfrentar a fome e a injustiça social

Atualizado em 18 de novembro de 2021 às 11:44
Lula em seminário na Espanha
Lula na Espanha: um outro mundo é possível

Bem humorado, Lula empolgou o público no seminário “cooperação multilateral e recuperação regional pós-Covid 19″, nesta quinta-feira, 18, na Espanha.

O ex-presidente focou seu discurso na desigualdade.

Perguntou: “Qual o novo normal da sociedade no pós-pandemia?”, citando a fome e os movimentos migratórios como fenômenos que precisam ser encarados pelos governos.

O ex-presidente voltou a defender um plano de governança global.

“A verdade é que o mundo já estava doente antes da pandemia do coronavírus”, disse. “E essa doença tem um nome e também mata: chama-se desigualdade”.

Citou dados que reforçam o acúmulo de recursos financeiros na mão de poucos em detrimento da maioria.

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“Na pandemia os ricos ficaram mais ricos e vai demorar quase duas décadas para retormar o estrago nas camadas menos favorecidas. Enquanto homens brancos e ricos fazem turismo no espaço, outros continuam morrendo de fome, sem luz elétrica, sem saúde e educação”, disse.

Citando o trabalhadores por aplicativos, lembrou que “não se pode aceitar que alguém trabalhe 12, 14 ou até 18 horas por dia sem qualquer direito. Estamos normalizando a exploração e o sofrimento humano”, disse o ex-presidente.

Lembrou que as metas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde  na pandemia não foram cumpridas em relação aos países pobres, citando a África, onde apenas 10% da população foi imunizada enquanto a meta da OMS era de 70%.

Lula falou dos lucros dos novos bilionários, especialmente donos e acionistas de laboratórios.

Lamentou que a quebra das patentes continue sendo tabu mesmo diante da gravidade da situação, sugerindo um amplo debate sobre o tema.

O ex-presidente alertou que o novo normal no pós-pandemia deve ser oferecer pelos menos três refeiçoes por dia a cada cidadão, além de saúde, educação, e especialmente o direito de todos ser feliz.

Criticou os negacionistas de direita, lembrou que o FMI existe para proteger, em casos de necessidades, apenas os países ricos.

A fome tem cura

“É preciso repensar valores democráticos e de justiça social”, disse. “A fome, ao contrário da Covid, tem cura”.

Lula convovou as forças progressistas a não se calarem diante da extrema-direita.

“Mudar o mundo não pode ser apenas um sonho de juventude”, disse Lula.

“Mudar o mundo deve ser sempre a nossa profissão de fé, a própria razão para existirmos e nos lançarmos a uma luta árdua e permanente, da qual não poderemos jamais descansar”.

E concluiu.

“É urgente uma reconstrução profunda do mundo, sobre os alicerces da igualdade, da fraternidade, do humanismo, dos valores democráticos e da justiça social. Porque mesmo que sobrevivam à Covid, 800 milhões de pessoas hoje não conseguem escapar de outro terrível flagelo – a fome”.

Lula encontra-se nesta sexta-feira com o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, em Madri.

A Espanha é o último dos quatro países visitados pelo ex-presidente, que cumpriu este mês agenda na Alemanha, na Bélgica e na França.

Assista ao discurso do ex-presidente.

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