Negros são menos de 15% no primeiro escalão dos governos estaduais

Atualizado em 13 de fevereiro de 2023 às 6:33
Foto da composição do governo do estado da Bahia. (Foto: Reprodução)

Após uma análise ser realizada nas 27 unidades da Federação Brasileira, foi revelado que o secretariado nos estados é, em sua maioria, composto por pessoas brancas.

Dos 570 cargos de elite dos Executivos estaduais, apenas 14% são comandados por negros (pretos e pardos) ou por pessoas que, embora tenham características físicas de brancos, se declaram pardas.

A Bahia, que possui 80% de sua população sendo composta por pessoas negras, é o estado onde pode-se notar a maior presença de pessoas negras no secretariado, composto por mais da metade de pessoas que se declaram pretas ou pardas (17, contra 10 brancos).

Já o Sul, região onde há a maior concentração proporcional de brancos no Brasil (75%), destaca-se como a região com o menor número de negros em postos de comando nos Executivos.

O dado se mostra ainda mais preocupante tendo em vista que 56% da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, se declara preta ou parda. Isso explica o atraso em políticas de inclusão racial e social que o Brasil se encontra e o falho sistema de cotas raciais.

O professor e escritor Helio Santos, uma das maiores referências do ativismo pela igualdade racial no Brasil, em entrevista realizada pela Folha de S.Paulo, reforçou as críticas ao sistema de cotas raciais por autodeclaração e disse que o cenário é ainda pior.

Segundo o professor o número real de negros ocupando secretarias de estado certamente é menor e que, se eles fossem submetidos a uma banca de heteroidentificação (usada em algumas instituições onde há cotas raciais para validar ou não a autodeclaração das pessoas), boa parte não seria aprovada.

“Quando se fala que as cotas raciais estão sob ameaça, digo que, na minha avaliação, elas sempre estiveram. De todas as formas de racismo, e há várias delas, a mais vil é quando a sociedade desenvolve e aprova políticas para reparação e várias pessoas não negras dizem: ‘Olha, existe essa política que beneficia os negros, mas eu posso fraudá-las porque eu tenho o privilégio da impunidade'”, disse Helio.

O professor reforçou ainda que um sinal positivo ocorreria se ao menos 30% das secretarias estaduais fossem comandadas efetivamente por negros.

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