O ex-presidente Lula é um preso político? Por Afrânio Silva Jardim

Atualizado em 9 de agosto de 2018 às 15:44
Lula (Foto: Mauro Pimentel/AFP)

Publicado originalmente na fanpage do Facebook do autor

POR AFRÂNIO SILVA JARDIM,  professor associado de Direito Processual Penal da Uerj. Mestre e Livre-Docente em Direito Processual Penal pela Uerj

O EX-PRESIDENTE LULA É UM PRESO POLÍTICO???

Minha resposta: depende do enfoque a ser dado a esta questão. Entretanto, será afirmada ao final do texto.

Sob o aspecto meramente técnico e jurídico, a resposta seria negativa. Na verdade, o ex-presidente Lula não foi acusado e condenado pela suposta prática de um crime classificado como político, segundo legislação vigente em nosso país.

Entretanto, não resta mais dúvida de que há um indisfarçável viés ideológico na perseguição a que está submetido o ex-presidente, pelo nosso sistema de justiça criminal (lawfare).

Vale dizer, o Lula está sendo tratado pelo Poder Judiciário e pela grande imprensa como um inimigo ideológico e não como um réu comum, sujeito de direitos processuais e constitucionais.

Juízes, desembargadores e ministros não escondem, e até apregoam, que estão comprometidos com um projeto punitivista e que a interpretação e aplicação do Direito devem atender aos postulados da chamada “Operação Lava Jato”. O que importaria seria o “combate” à corrupção.

Como estes magistrados presumem a culpa do ex-presidente Lula, ele deve ter um “tratamento jurídico especial”. O reconhecimento de sua inocência seria um absoluto desprestigio para a “Lava Jato” !!!

Lula é “perigoso” no sentido político, pois pode trazer novamente ao poder uma corrente ideológica que não é aceita pela maioria do membros do Poder Judiciário e do Ministério Público.

Mais sintomáticas ainda são a prisão e a manutenção da prisão do ex-presidente Lula. Aqui o aspecto político é indisfarçável, tendo em vista tudo o que ocorreu no âmbito do S.T.F. (malabarismos impressionantes) e, mais recentemente, no Habeas Corpus deferido pelo desembargador Rogério Favreto .

Como se tornou pública, a ordem judicial de soltura foi desautorizada por um juiz de férias, que se encontrava fora do nosso país, bem como foi impedida por um outro magistrado que, no domingo, revogou a decisão do magistrado do plantão judiciário. Tudo irregular, às pressas e de forma inusitada (malabarismos impressionantes).

O presidente daquele tribunal jamais escondeu seu apreço pela “Operação Lava Jato” e pela atuação persecutória do juiz Sérgio Moro, cuja sentença condenatória se apressou, na primeira hora, a elogiar de forma pública e contundente …

Destarte, ao ex-presidente Lula, neste momento eleitoral, se nega o sagrado direito da liberdade pessoal, nada obstante o princípio constitucional da presunção da inocência, nada obstante a regra do artigo 283 do Código de Processo Penal e nada obstante a regra do artigo 105 da Lei de Execução Penal.

Vale dizer, ao Lula se aplica um “Direito diferente”, cunhado e formatado pelo punitivismo ideológico que, desgraçadamente, campeia em nossa sociedade, tudo blindado pela grande mídia empresarial.

Resumindo: a) no sentido mais amplo (político e sociológico), o processo e condenação do ex-presidente Lula devem ser considerados políticos; b) em qualquer sentido, inclusive técnico e jurídico, a custódia do ex-presidente Lula é, sem qualquer dúvida, uma prisão política.

Destarte, ouso afirmar: O MAIOR LÍDER POPULAR DE NOSSA HISTÓRIA E MELHOR EX-PRESIDENTE DO BRASIL É UM PRESO POLÍTICO. LULA É UM PRESO POLÍTICO.