O fascismo precisa do medo. Por Maringoni

Atualizado em 10 de setembro de 2022 às 1:07
O fascismo precisa do medo. Foto: Reprodução

Publicado no Facebook de Maringoni

NOTAS SOBRE O NEOFASCISMO

Num artigo que escrevi recentemente, tentei arrolar algumas características básicas do fascismo atual – o fascismo liberal – nas disputas sociais. É apenas um esboço em busca de ordenamento e complementação maior..

Podemos definir algumas características básicas do modus operandi do neofascismo, especialmente em sua versão tropical:

1- O fascismo precisa do medo e da insegurança social para crescer. Antes de oferecer certezas, o fascismo -exalta as incertezas sobre o futuro oferecidos pelas variações da democracia liberal;

2- O fascismo se coloca como vertente antipolítica e antissistêmica. Embora tenham proximidade, são fenômenos distintos. A pregação antipolítica exerce um fascínio simplista e infantil sobre a possibilidade da resolução de problemas sociais complexos impulsionados apenas pelo desejo pessoal. A política seria o terreno da trapaça, da sujeira e da desonestidade que precisaria ser superado para que as pessoas de bem vivessem em paz. O pensamento infantilizado é o degrau anterior do pensamento mágico, aquele que nos faz vislumbrar a resolução dos conflitos pelo gesto unilateral de um dos agentes no jogo, pela anulação do outro. O pensamento mágico é a base, assim, da cultura do cancelamento, da pregação religiosa (“Ora que melhora”), que elimina mediações e que acaba por justificar a violência. Assim, o episódio verificado em março de 1922, numa delegacia de Curitiba (PR), em que um pastor “abençoa” uma série de armas colocadas em cima de uma nada tem de antirreligiosa . Ao contrário: temos ali a combinação do pensamento mágico, da cultura do cancelamento e da violência legitimados por uma solução milagrosa.

3- Já os movimentos antissistêmicos miram na desqualificação de formas existentes de representação – sindicatos, entidades de representação, partidos, instituições e eleições. O líder fascista sempre divide a sociedade entre “nós” e “eles”, entre o “povo” e os “exploradores do povo”. O líder fascista é o arauto da cobrança de uma dívida social impagável em defesa dos ressentimentos populares. É a variante concreta da antipolítica;

4- A base do pensamento e da ação fascista é a violência – uma vez que se elide a mediação política para a superação de diferenças – e a necessidade de sempre se colocar na ofensiva. Isso inclui a disputa para impor uma agenda unilateral das dissensões da sociedade. O fascismo não recua, não negocia e apenas avança, em qualquer situação, mudando suas táticas criando sempre agendas novas sem resolver as antigas.

5- Ao impor a sua agenda a sobre todas as demais, o fascismo tem de ser profundamente diversionista e subverter a ordem de prioridades da sociedade. O fascismo só subsiste e cresce gerando ambientes de profunda tensão.

 

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