
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) têm buscado diálogo com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nos últimos dias, na tentativa de amenizar as tensões em torno do ato pró-impeachment do magistrado, marcado para o próximo sábado, 7 de setembro, na Avenida Paulista, em São Paulo. As conversas visam interceder junto ao ex-presidente para que ele mantenha um tom moderado durante a manifestação, evitando ataques diretos a Moraes.
Esses interlocutores de Bolsonaro esperam que ele adote uma abordagem semelhante à que teve no ato de 25 de fevereiro, também realizado na Paulista, quando o foco foi na defesa da liberdade e na anistia dos condenados pelos atos de 8 de janeiro.
A expectativa é que Bolsonaro evite incitar discursos mais agressivos contra Moraes, mantendo a manifestação dentro dos limites legais e evitando novas complicações jurídicas.
Ainda assim, há uma preocupação crescente entre os aliados de Bolsonaro sobre o tom que será adotado por outros oradores durante o ato, especialmente o pastor Silas Malafaia, um dos principais organizadores da manifestação.
Malafaia tem sinalizado que fará um discurso contundente contra o magistrado, chegando a prometer publicamente que pedirá a prisão do ministro do STF em sua fala. A tensão entre o pastor e Moraes tem se intensificado, e muitos temem que o líder religioso possa acirrar os ânimos durante a manifestação, levando a uma escalada de hostilidades.

Apesar dos esforços de interlocutores para moderar o tom do ex-presidente, eles admitem que não têm controle sobre as ações e discursos de Malafaia e outros bolsonaristas presentes no ato.
A preocupação é que um discurso inflamado de Malafaia ou de outros líderes possa alimentar ainda mais o conflito entre o bolsonarismo e o STF, gerando consequências políticas e jurídicas imprevisíveis.
Inicialmente, o mote principal do ato bolsonarista era a denúncia de que Moraes, supostamente, movia inquéritos ilegalmente enquanto ministro do Supremo e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A tese levantada pelo jornalista Glenn Greenwald na Folha de S.Paulo foi o estopim para dezenas de deputados do PL assinarem um documento pedindo o impeachment de Moraes.
Já na última semana, o público de extrema-direita se viu com mais um motivo para atacar o STF. Trata-se da ordem de suspensão contra o bloqueio da rede social X, antigo Twitter, após o dono do site, o bilionário Elon Musk, descumprir ordens e se recusar a pagar multas impostas pela Justiça brasileira.