O povo ucraniano é vítima da invasão e instrumento do imperialismo. Por Reginaldo Nasser

Atualizado em 3 de março de 2022 às 21:24
povo ucraniano é vítima da invasão e instrumento do imperialismo
Guerra na Ucrânia – Prédio que pegou fogo após ataque russo em Kharkiv no dia 2 de março / Reprodução

Sempre fui e continuo sendo contra qualquer tipo de invasão militar de um país — especialmente quando há uma imensa assimetria de poder (militar e econômica).

Na maioria dos casos, o país invadido não conta com o devido apoio das grandes potências — sobretudo os países da periferia do sistema internacional. No caso da Ucrânia, essa disparidade de poder é amenizada devido ao intenso apoio (armas e recursos) por parte das grandes potências.

De outro lado, é perfeitamente compreensível e lógico que a Rússia tenha preocupações com sua segurança, desde o final da guerra Fria, independentemente do regime político e de quem governa. No âmbito da geopolítica, é completamente sem sentido entrar no debate sobre as identificações ideológicas de Putin e o regime político na Rússia. Isso não altera, em absolutamente nada, o enquadramento do problema.

A preocupação legítima não é justificativa para uma invasão que causa sérios danos humanitários à população e aguça o sentimento nacional de resistência. Além disso, faz com que outros países menores se sintam ameaçados.

Se esperava que após o Parlamento Russo reconhecer a independência das regiões Donetsk e Luhansk, as tropas russas iriam proteger suas respectivas populações, o que também é legítimo.

Quatro dias antes da invasão, os monitores de cessar-fogo da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) documentaram um aumento das violações de cessar-fogo na Ucrânia Oriental, com 5.667 violações e 4.093 explosões. A maioria estava dentro das fronteiras de fato das Repúblicas Populares de Donetsk (DPR) e Luhansk (LPR), ou seja ações das forças governamentais da Ucrânia. Com quase 700 monitores de cessar-fogo da OSCE no terreno, não é credível que todos estes “incidentes” tenham sido provocados.

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Enfim, a invasão por terra, mar e ar das forças russas fez com que França e Alemanha caíssem nos braços dos EUA que, ao que tudo indica, sempre quis essa guerra. Os EUA adoram “proxy wars”.

Em encontro com Biden, em dezembro de 2021, Putin fez propostas bastante razoáveis, mas o presidente dos EUA sequer as examinou.

Rousseau dizia que “quem quer os fins, quer os meios”. Considerando os meios adotados por EUA e aliados só podemos concluir que o objetivo é derrubar Putin e para isso vão arrasar a economia russa e de outros países no mundo. Claro, também é uma guerra de corporações.

Ou seja, o remédio é muito forte para deduzirmos que o problema é a Ucrânia.

Depois do fracasso no Afeganistão, a arrogância Imperial está de volta, mas as consequências dessa guerra ainda são incertas.

O povo ucraniano é vítima da invasão e instrumento do imperialismo conduzido por um governo criminoso.

Fico pensando o que o braço armado do Imperialismo (Otan) fará na próxima vez que invadir um país na periferia.

Por Reginaldo Nasser

Publicado originalmente aqui

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