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O que dirão agora os aliados de Temer sobre o aumento de 12,5% no Bolsa Família? Por Carlos Fernandes

Não era ‘irresponsabilidade fiscal’?

“O povo não é bobo”. Assim reagiu Moreira Franco, o braço direito de Michel Temer, quando a presidenta Dilma anunciou um reajuste de 9% no valor médio pago aos beneficiários do programa Bolsa Família.

Eduardo Cunha, que impedido de despachar na Câmara dos Deputados utiliza agora o Palácio do Jaburu, disse à época que se tratava de uma completa “irresponsabilidade fiscal”.

Já o folclórico líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino, sintetizou o que considerava uma manobra eleitoreira da presidenta para conseguir votos contra o impeachment: “Isso é visto como ato de desespero”.

Até seu único ministro ainda passível de respeito, Henrique Meirelles, teve que ser mais uma vez desautorizado.

Em sua primeira entrevista como ministro interino, Meirelles afirmou categoricamente que os programas sociais teriam que passar por “forte avaliação” em prol da “sustentabilidade futura da dívida pública”.

Em bom português, o que Meirelles indicava era que os programas sociais poderiam até permanecer mas com abrangência bem mais modesta. Tudo num esforço para reequilibrar as contas públicas em tempos de consecutivas quedas na arrecadação federal.

Esqueceu-se apenas de combinar com os russos, que neste caso não é outro senão o seu próprio chefe. Ao que parece, a cada tentativa de Meirelles para reduzir os gastos, Temer acena com medidas que impactam em bilhões os cofres públicos.

Primeiro veio o aumento do judiciário anteriormente negado por Dilma. Conta-se nos corredores do Congresso que questionado por deputados aliados sobre a orientação de votar pelo aumento, Meirelles, desconsolado, apenas afirmava: “ordens do Planalto”.

Depois, como se num passe de mágica, surgiu o afago aos governadores suspendendo o pagamento das parcelas das dívida dos estados com a União até o fim do ano. Até Merval Pereira, seu criado para todas as horas, questionou: “De onde Temer tira tanto dinheiro”.

Seria talvez do aumento do déficit fiscal de R$ 96,6 bilhões para R$ 170,5 bilhões, Merval?

Aumentar o benefício do Bolsa Família em 12,5% não é o problema. Trata-se de um eficiente mecanismo de transferência de renda com resultados comprovados, um custo de apenas 0,5% do PIB, alcance de mais de 14 milhões de famílias beneficiadas diretamente e fator preponderante para economias de pequenos municípios nas regiões Norte e Nordeste.

Infinitamente mais caro e maléfico para o país é a fatura que Michel Temer está tendo de pagar pelo impeachment à sua corja de golpistas. Este sim é um rombo que equipe econômica alguma é capaz de sanar.

Carlos Fernandes

Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina

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