O que o caso da Enciclopédia Britânica fala sobre as marcas dos tempos do papel na Era Digital

Atualizado em 14 de março de 2012 às 9:10
Era uma vez

 

E eis que a venerada Enciclopédia Britânica anuncia o encerramento de sua versão impressa, depois de 244 anos de glórias.

Surpresa? Não exatamente.

Como uma enciclopédia de papel, na Era Digital, pode suportar a concorrência da Wikipédia, por exemplo? Você pode atualizar a qualquer momento um verbete, ou criar um novo, quando é o caso. O conteúdo da Britânica, tal como se consagrou, fica um ano engessado.

“Não é o fim, mas o começo”, afirmou a empresa que edita a Britânica. Isso quer dizer o seguinte: a Britânica vai brigar no campo da internet. Vai cobrar pelo acesso – um preço bem menor do que o da edição impressa. Se o negócio vai se sustentar, é uma questão está aberta.

É uma marca de extraordinário brilho – isso no mundo do papel. Se o internauta, habituado a consultar de graça a Wikipédia, vai aceitar pagar pela Britânica é uma coisa que só se saberá mais para a frente. A Britânica terá que construir relevância na internet. Daí a pertinência do uso da palavra “começo”.

É o mesmo desafio que as demais grandes marcas da Era do Papel enfrentam. O New York Times, por exemplo. Na Era do Papel, era tido amplamente como o melhor jornal do mundo. Na Era Digital, é uma marca em busca de afirmação. O passado glorioso funciona ao mesmo tempo a favor e contra. A favor, porque as pessoas reconhecem o Times. Contra, porque o internaut desconfia de marcas derivadas do papel e pertencentes a grandes corporações.

Mais uma vez, se prevalecerá a vantagem ou a desvantagem competitiva, só se saberá mais adiante.

Goste-se ou não, o futuro está na internet – para o Times e todas as marcas da Era do Papel. Não chegou a surpreender uma lista que saiu ontem, nos Estados Unidos, com os setores que mais cresceram e mais afundaram desde a eclosão da crise de 2007.

No topo da lista, florescendo, estão a internet e as publicações online. Do lado oposto, afundando, os jornais.