Operação da PF combate contrabando de ouro em Terra Yanomami

Atualizado em 20 de setembro de 2023 às 10:54
Investigadores da PF apreendem dinheiro na casa de alvo da operação Eldorado, em RR. (Foto: Reprodução)

A Polícia Federal e a Receita Federal realizam quatro operações nesta quarta-feira (20) com o objetivo de combater o garimpo e comércio ilegal de ouro no Território Indígena Yanomami (TI). As investigações apontam que o minério de ouro extraído de garimpos ilegais na Terra Yanomami e na Venezuela era vendido no exterior, movimentando cerca de R$ 6 bilhões de forma ilegal.

A ação envolve a execução de, pelo menos, 4 mandados de prisão e 48 mandados de busca e apreensão, abrangendo o Distrito Federal e 8 estados: Roraima, Goiás, Amazonas, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Pará.

Duas das operações ocorrem em Roraima, uma delas com o nome de “Operação Eldorado”, onde foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 40 mandados de busca e apreensão nos estados de Roraima, Amazonas, Goiás e Distrito Federal, com autorização da 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Boa Vista, capital de Roraima.

A prisão de Ariel Silva Magalhães, empresário suspeito de intermediar o transporte do ouro ilegal da TI Yanomami, aconteceu em Boa Vista. Ele utilizava a empresa MF Soluções Empresariais para efetuar a remoção do minério, de acordo com informações da PF.

O empresário Brubeyk do Nascimento. (Foto: Reprodução)

Outro alvo foi detido em um condomínio de casas de luxo em Manaus. Segundo a PF, Brubeyk do Nascimento teria montado um esquema de remessas ilegais para negociar no exterior o ouro extraído de garimpos ilegais na TI Yanomami.

Segundo a PF, Nascimento já havia sido preso em Manaus em 2022 quando tentava embarcar ilegalmente com 35 kg de ouro para os Estados Unidos. Ele tinha mandados de prisão em aberto em três estados: Amazonas, Roraima e Tocantins.

Outras ações da PF contra o garimpo ilegal ocorrem no Amazonas, com a “Operação Emboabas”, onde foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 16 mandados de busca, além de outras medidas cautelares, em diversas cidades, incluindo Manaus, Amazonas; Anápolis, Goiás; Ilha Solteira, São Paulo; Uberlândia, Minas Gerais; Areia Branca, Rio Grande do Norte; e Ourilândia do Norte, Tucumã e Santa Maria das Barreiras, Pará.

A “Operação Emboabas” identificou indícios de contrabando de ouro para a Europa após a prisão em flagrante de uma pessoa transportando 35 kg de ouro. A PF informou que essa pessoa planejava entregar o produto a dois norte-americanos, sócios de uma empresa em Nova Iorque.

A Receita Federal estima que bens no valor de R$ 1 bilhão foram bloqueados e apreendidos.

A PF também atua no Tocantins, com a “Operação Lupi”, para cumprir mandado de prisão preventiva e cinco ordens de busca e apreensão. Além da exploração ilegal de ouro em terras indígenas e unidades de conservação federais, o grupo supostamente promovia a lavagem de dinheiro, bens e ativos.

Os investigados poderão responder por diversos crimes, incluindo usurpação de bens da União, organização criminosa, lavagem de dinheiro, extração ilegal de ouro, contrabando, falsidade ideológica e receptação qualificada, entre outros.

O esquema investigado pela PF envolveria o contrabando de ouro venezuelano, que entraria clandestinamente no Brasil como pagamento pela exportação de alimentos por mercados de Roraima e Amazonas. Transportadoras contratadas esconderiam o ouro contrabandeado em caminhões, que entrariam em Roraima sem os procedimentos necessários e o pagamento de tributos.

Itens apreendidos pela PF no âmbito das operações. (Foto: Reprodução)

Posteriormente, o minério seria comprado por outros integrantes do esquema e enviado para empresas do ramo de exploração de minério aurífero, que eram responsáveis por concretizar o pagamento aos supermercados e às distribuidoras de alimentos.

Além dos mandados de prisão e busca, a Justiça determinou a indisponibilidade de ativos financeiros.

Armas e munições são apreendidas em operação da PF em RR. (Foto: Reprodução)

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