Os bastidores da saída de Augusto Botelho do Prerrogativas

Atualizado em 2 de abril de 2023 às 12:17
Augusto de Arruda Botelho
Augusto de Arruda Botelho. Foto: Reprodução

A saída de Augusto de Arruda Botelho do Prerrogativas na noite da sexta-feira (31) foi vista internamente como um ato definitivo, que deixou mágoas e um trauma no grupo.

Durante um debate entre os juristas, no qual criticava-se a indicação da advogada Marilda Silveira para um posto no Ministério da Justiça que a colocaria em lugar privilegiado para entrevistar os magistrados para futuras promoções, o atual secretário nacional de Justiça optou por sair do grupo de Whatsapp, meio pelo qual ocorria a discussão.

De acordo com fontes ouvidas pelo DCM, Botelho sequer apresentou qualquer argumento em defesa de Flávio Dino, seu superior hierárquico e responsável pela indicação de Marilda.

“É como se Anderson Torres, durante o governo Bolsonaro, escolhesse o Marco Aurélio de Carvalho [coordenador do Grupo Prerrogativas para entrevistar os juízes candidatos]”, disse uma pessoa que acompanhou os acontecimentos mas preferiu não se identificar.

Uma pessoa também ligada ao mundo jurídico, próxima tanto do ‘Prerrô’ quanto de Augusto, avalia que ele teve comportamento “de bundão”, uma vez que preferiu esquivar-se do debate. Além disso, alertou que esse episódio pode “respingar” nele, pois “Marilda não é uma advogada qualquer, mas sim a maior articuladora inimiga no campo jurídico que o Presidente Lula já teve”.

A advogada atuou para o Partido Novo e foi bastante combativa em três episódios fundamentais do lawfare contra o presidente Lula: impedir que ele assumisse como ministro da Casa Civil da presidenta Dilma, a proibição dele conceder entrevista durante o cárcere em Curitiba e também o indeferimento do registro de sua candidatura em 2018.

No vídeo abaixo, a advogada sustenta oralmente no TSE contra a candidatura de Lula em 2018:

Uma outra pessoa ouvida pela reportagem atribui a indicação à proximidade que a advogada tem com o ministro Gilmar Mendes, que por sua vez tem boa relação e uma certa influência na equipe do ministério da Justiça.

Em nota enviada ao DCM,  Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Prerrogativas, contemporizou e lamentou o ocorrido:

“Augusto tem o nosso carinho e o nosso respeito. Espero que reavalie a decisão precipitada  de deixar o grupo que tanto o apoiou nestes últimos anos. Natural que existam divergências. A discussão foi respeitosa e pontual  e expressou apenas opiniões pessoais de alguns dos membros que integram nosso coletivo. O importante agora é nos mantermos unidos na tarefa de reconstruirmos e de reconciliarmos o país, e é o que faremos. Seguimos confiando no Ministro Flávio Dino e nas escolhas deste Governo que ajudamos a eleger”.

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