Os extremistas “descobriram” quem orquestrou os ataques a Maju Coutinho: seu marido. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 6 de julho de 2015 às 14:48
Maju e o marido Agostinho
Maju e o marido Agostinho

 

Começou com um tuíte do blogueiro da Veja Felipe Moura Brasil. No  dia 4 de julho, ele insinuou que havia algo por trás dos ataques racistas à jornalista Maju Coutinho, do Jornal Nacional.

A sequência de sacadas geniais é a seguinte: “Majustamente agora… Sei.” Depois: “Se eu fosse um esquerdista e visse a casa caindo, eu mandava os robozinhos fazerem ataques racistas a uma negra da TV para culpar a direita.”

Em seguida: “Entidades petistas já ‘reagem a manifestações de preconceito contra Dilma e Maju’… Vitimização feita. Dilma = negra atacada por racistas”.

E o coup de grâce: “Ligue os pontos”.

Ligou?

Moura Brasil atirou um pedaço de pau no terreno baldio para seus seguidores se divertirem babando e abanando o rabo. Em meia hora de elucubrações, extremistas de direita concluíram que MAVs — sigla para “mobilização em ambientes virtuais” — xingaram a moça do tempo para criar uma “cortina de fumaça”.

Não se sabe quem são os donos das contas que xingaram Maju. Mas os fanáticos já têm indícios fortes de que não são manés quaisquer. O bom português é uma pista. Para um certo Wagner Rastelli, “a correção gramatical é muito estranha. Nem random trolls de internet e nem racistas ignorantões escrevem assim”.

Um tal Delator Sapiens respondeu a Joaquim Barbosa depois que o ex-presidente do STF se solidarizou com Maju: “Foi um ataque orquestrado, do tipo false flag.” Mas orquestrado por quem?

Ora, pelo marido de Maria Júlia Coutinho, o publicitário Agostinho Paulo Moura, segundo alguém que se esconde sob o pseudônimo Dona Encrenca no Twitter. Numa apuração rigorosa, detetives como ela chegaram ao Facebook de Agostinho. Ele é diretor de criação da agência Pepper, de São Paulo.

Há uma empresa chamada Peppr, em Brasília, que está sendo investigada na operação Acrônimo. Não têm nada a ver uma com a outra — mas quem se importa com isso? Para os afanásios, Agostinho orquestrou toda a farsa. E não foi a primeira vez. “O marido da Maju Coutinho é da turma que soltou boatos sobre Aécio Neves na rede sobre ser cheirador de cocaína”, garante AryAntiPT.

Há outras “provas” da responsabilidade de Agostinho: ele compartilhava textos de Paulo Moreira Leite e até do DCM. Trata-se de um criminoso, além de petralha ou, na melhor das hipóteses, um esquerdopata.

Para fechar com categoria, Fernando Holiday — o negro que mais se odeia no Brasil de acordo com nosso colunista Marcos Sacramento –, membro de estimação do MBL, fez um de seus vídeos devastadores. “Com frequência o PT usa desse artifício para manipular o que a mídia publica e a opinião popular”, afirma, a bocarra torta cheia de dentes vomitando ódio.

A insanidade dos jihadistas poderia ficar num pântano distante. Mas muitos deles foram até a página de Agostinho Paulo Moura para “desmascará-lo”. Ele foi obrigado a fechar o acesso.

Ou seja, dias depois de sua mulher ser reduzida a uma macaca, uma preta imunda e uma cotista, o sujeito é acusado, julgado e condenado por um tribunal de energúmenos que querem provar que a direita é incapaz de fazer um linchamento virtual.

Estes são os democratas que querem salvar os brasileiros de uma ditadura bolivariana. Se vivêssemos num estado de direito, seriam acionados na Justiça.

Opa. Vivemos num estado de direito. Ligue os pontos.