Padre goiano expulso pelo Papa sob acusação de abusar sexualmente de ex-freiras é bolsonarista e cidadão de bem

Atualizado em 21 de fevereiro de 2019 às 10:46
Padre Rodrigo Maria. Foto: Reprodução/Facebook

Esta matéria está sendo republicada à luz da expulsão do padre goiano da Igreja Católica pelo Papa Francisco.

Conhecido pelo nome de Padre Rodrigo Maria, Jean Rogers Rodrigo de Sousa, que tem 44 anos, é acusado de abuso sexual e “lavagem cerebral” há pelo menos 12 anos.

De acordo com uma reportagem publicada no jornal Folha de S.Paulo, as primeiras denúncias surgiram em 2006 em uma comunidade católica na cidade goiana de Anápolis, a Arca de Maria.

Pelo menos 11 mulheres relataram à Igreja Católica episódios de abuso em várias cidades, o que motivou a abertura de processos canônicos contra o clérigo.

Padre Rodrigo Maria mudou de diocese em diocese e hoje responde ao bispado de Ciudad del Este, no Paraguai. É lá que se concentram seus processos, mesmo com incidentes em outras cidades

No mês de fevereiro, o monsenhor local, Guillermo Steckling, emitiu decreto determinando que, enquanto estiver sub judice, o brasileiro “não exerça o ministério sacerdotal nem vista o hábito clerical”.

Rodrigo, que se diz inocente, vem descumprindo ambas as ordens.

O padre Fabio Recalde Barúa, porta-voz da diocese paraguaia, confirmou ao jornal que o padre está sendo julgado por “desobediência” e “numerosas e graves infrações de leis divinas e canônicas”.

Duas ex-freiras da fundação de Rodrigo que se dizem vítimas dele disponibilizaram documentos sobre o caso. Elas têm medo de se identificar por medo de represálias. O jornal relata episódios de agressões com as religiosas e um de masturbação via Skype.

 

Numa postagem de 31 de agosto deste ano, Padre Rodrigo pede voto para Jair Bolsonaro, depois de compartilhar o blogueiro conservador Bernardo Pires Küster. No dia 4 de setembro, ele postou uma foto de uma ativista feminista nua no Facebook afirmando que ela não poderia ser católica.

Após o atentado contra Bolsonaro, pediu orações para o candidato de extrema-direita. Rodrigo Maria também exalta Olavo de Carvalho e defende que cristãos utilizem armas de fogo como solução de problemas.

Em outras mensagens, o religioso fala contra a pornografia e pede que fiéis convertam outras pessoas.

No blog que mantém na internet, Rodrigo Maria fala que Lula tem a “tranquilidade dos pecadores”, diz que muçulmanos criaram partido para “islamizar o Brasil” e que a Rede Globo está conspirando com a esquerda para “destruir a fé cristã”. Procurado, o padre afirma que há meninas que se apaixonam por ele e culpa a “força mais destrutiva do universo, a FMD”. A sigla quer dizer “fúria da mulher desprezada”, segundo o próprio.

Blog do Padre Rodrigo Maria. Foto: Reprodução

O caso das acusações de abusos que envolvem freiras começou no Brasil e segue para o Paraguai ainda sem solução.

Padre Rodrigo Maria declarando voto em Bolsonaro no YouTube. Foto: Reprodução/YouTube

Rodrigo é um cidadão de bem com perfil similar ao do empresário acusado de espancar a mulher, deixá-la na porta de parentes e sorrir na foto da delegacia, do Doutor Bumbum, do professor acusado de jogar a mulher do 4o. andar e do homem flagrado com uma menina de 13 anos no motel no Amazonas.