Pária internacional na luta contra o fascismo, Ciro chama petistas de nazistas. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 24 de setembro de 2022 às 16:16
Ciro Gomes de camiseta preta e camisa social clara falando em microfone e apontando, com bandeira do Brasil ao fundo
Ciro Gomes (PDT) – Reprodução/Instagram

O presidenciável Ciro Gomes conseguiu uma façanha no mínimo inusitada. Sem nunca sequer ter chegado perto de ganhar uma eleição presidencial, ganhou visibilidade internacional ao tornar-se aos olhos dos líderes do Cone Sul, um pária que trabalha exclusivamente para manter no poder um governo aberta e declaradamente fascista.

A declaração se deu através de uma carta aberta assinada por líderes da América do Sul como Rafael Correa, ex-presidente do Equador, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz de 1980 e a senadora colombiana Piedad Córdoba, onde pedem para que o candidato do PDT abdique de sua candidatura e apoie o ex-presidente Lula, única alternativa real à Jair Bolsonaro, já no primeiro turno.

Apesar da tentativa de manter um tom ameno e cordial na missiva, expressões como “perplexo” e “incompreensível” constantes na carta dão a ideia do que hoje representa a atual postura de Ciro frente ao necessário e inadiável combate à extrema-direita em toda a américa latina.

Líder tão somente do próprio egoísmo, o “cearense de Pindamonhangaba” não só deu de ombros em relação aos apelos internacionais como acelerou ainda mais a sua descida às catacumbas da miséria política onde repousam num descanso não exatamente tranquilo, terraplanistas metodológicos do quilate de um Olavo de Carvalho.

Na recente sabatina realizada pelo jornal Correio Braziliense – em meio a mais um dos seus cada vez mais frequentes surtos de ódio gratuito e explícito – Ciro Gomes chegou ao absurdo de identificar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais integrantes do PT como “nazistas”.

Não, você não leu errado.

Para Ciro Gomes, justamente o homem que hoje é o maior fiador do fascismo representado por Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições, é Lula e membros da Executiva Nacional do PT que são as pessoas que podem tranquilamente ser definidas como nazistas.

Seria desses casos extremos em que nos provocam a pensar alguma viabilidade excepcional à ideia de internação compulsória se a coisa toda se desse por grave surto psicótico ou fruto de severo desequilíbrio mental.
Mas o fato é que por mais que Ciro Gomes seja portador declarado de um já conhecido incontinente descontrole emocional, esse tipo de ataque covarde, rasteiro, pusilânime e desproporcional é sintoma direto tão somente de uma outra doença de caráter infinitamente mais grave: a canalhice.

Lula, enquanto político, é perfeitamente passível de sofrer inumeráveis críticas das mais variadas ordens seja enquanto atual candidato, seja enquanto ex-presidente. Mas daí compará-lo a um nazista não só denota uma completa incompreensão de todos os significados que essa denominação traz consigo, quanto um imperdoável desrespeito com as vítimas da ascensão nazista seja na segunda guerra mundial, seja nos dias atuais através das células neonazistas que começaram a surgir no mundo como um todo e no Brasil mais em particular, sobretudo com a chegada de Bolsonaro à presidência, do qual, inclusive, tanto tem se esforçado para ajudá-lo a permanecer no poder.

É realmente triste, mas por mais boa vontade que se possa ter, simplesmente já não há mais como defender Ciro Gomes enquanto homem da política. A sua arrogância, prepotência, desrespeito e inurbanidade para com os diferentes o tem afastado de tudo aquilo que seja minimamente aceitável como civilidade.

E justamente por isso mesmo é que acabou por se tornar a opção menos viável, não só eleitoralmente, mas, sobretudo, como alternativa à altura para a superação do bolsonarismo enquanto método de se pensar a política.
Que Ciro sairá dessas eleições muito menor do que entrou, já é fato consumado por 10 em cada 10 analistas políticos, mas que o seu nível de degradação tenha o colocado sob uma escala microscópica é algo que nem os seus maiores detratores poderiam imaginar.

É uma pena se pensarmos no homem de Estado que poderia ter sido, mas, sejamos sinceros, um grande alívio se pensarmos no moleque que efetivamente se transformou.

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