Pazuello contratou advogado que defendeu suspeito de mandar matar Marielle para a CPI da Covid. Por Luciano M. Costa

Atualizado em 10 de maio de 2021 às 6:29
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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Por Luciano Martins Costa

O general Eduardo Pazuello contratou o advogado carioca Zoser Plata Bondim Hardman de Araújo, que foi seu assessor no Ministério da Saúde, para preparar sua estratégia no enfrentamento da CPI da Covid.

Zoser Hardman, como é conhecido, tem vasta experiência como defensor de milicianos no Rio de Janeiro, entre eles o PM Daniel Santos Benitez Lopez, condenado por envolvimento no assassinato da juíza Patrícia Acioli, ocorrido em 2011 e o ex-vereador Cristiano Girão, condenado por ligação com a milícia e que já foi apontado como mandante da morte da vereadora Marielle Franco, ocorrido em 2018.

A estratégia a ser provavelmente adotada pelo general, segundo o noticiário, será pedir habeas-corpus para garantir o direito de se manter calado diante dos senadores da comissão.

Pode até funcionar, mas essa manobra não vai ocultar o fato mais relevante. A imprensa hegemônica se concentra no acompanhamento da CPI, mas, subjacente à análise das responsabilidades pelo desastre sanitário, está evidente a contaminação do governo pelo crime organizado.

A leitura de um livro recém-lançado pela Editora Unesp, “Máfia, poder e antimáfia”, do jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, ilumina fortemente esse fenômeno: a tolerância com os grupos criminosos chefiados por policiais no Rio leva o crime organizado para dentro do Estado.

Respaldado por um dos mais sólidos currículos no estudo de organizações criminosas em todo o mundo, Maierovitch descreve didaticamente como se processa esse envenenamento.

O fato de o ex-ministro, general da ativa do Exército brasileiro, ter abrigado em sua pasta um cidadão com tantas relações no submundo do crime, ainda que como advogado, não deveria passar despercebido pelo escrutínio dos jornalistas, porque evidencia como as milícias se infiltraram no núcleo do poder federal.

Não é absurdo supor que, por contato imediato de sua farda com tais elementos, Pazuello também transmite essa nódoa ao Exército brasileiro.

Essa circunstância coloca sobre os membros da CPI no Senado uma responsabilidade ainda maior: não se trata apenas de apontar os culpados que, por negação ou omissão, patrocinaram as mais de 420 mil mortes da pandemia; trata-se principalmente de obstruir o projeto criminoso de poder que ameaça a República.

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