Toda segunda-feira de Carnaval desde que tomou posse, em janeiro de 2019, o deputado federal André Janones (Avante-MG) tem um compromisso: ir ao plenário da Câmara e tirar uma foto mostrando que ele é o único congressista a estar presente naquele dia em que oficialmente a Casa não registra atividades parlamentares.
Aos 36 anos, Janones está em seu terceiro de ano de mandato. Era liderança dos caminhoneiros do Triângulo Mineiro até antes da eleição de 2018, quando liderou uma das paralisações da categoria e acabou por se eleger.
Pelo terceiro ano consecutivo, sou o único dos 513 Deputados a comparecer na câmara pra trabalhar durante a semana de carnaval. Acho vergonhoso que a câmara dos Deputados não tenha seguido o exemplo da maioria das prefeituras do país, e cancelado o feriado. pic.twitter.com/ZmkDM1alUe
— André Janones (@AndreJanonesAdv) February 15, 2021
Liderou as manifestações pelas redes sociais, sem nunca ter sido caminhoneiro na vida, só advogado.
Até o início de 2018, dr. Janones já era referência nas redes sociais para muitos usuários do SUS, por fazer campanhas e cobrar judicialmente direito ao tratamento, à guisa de honorários.
Quando começavam os movimentos paradistas dos caminhoneiros daquele ano, em maio, recebeu uma ligação de um colega pedindo apoio à causa dos motoristas, que naquele momento estavam parados ao longo da BR-365, entre Ituiutaba (onde se encontrava o hoje deputado) e Uberlândia. Pedia-lhe ajuda para divulgar
Ao ver passar o cavalo selado em sua porta, saiu de casa, com uma câmera na mão, direto para a BR-365, a conclamar os brasileiros a abraçar a causa dos bravos caminhoneiros. Cinco meses depois, na mesma toada, com sua página em uma rede social saltando de 70 mil para 17 milhões de visualizações, estava eleito.
É mais um tipo da nova política que veio no pacote de renovação do país. Assim como o neófito Kim Kataguiri (DEM-SP), lançou candidatura para a presidência da Câmara, com o resultado que se poderia esperar.
Vai de cavalo selado em cavalo selado. No dia 19 de novembro do ano passado, enquanto o estado do Amapá vivia um longevo apagão elétrico, aproveitou a ocasião para subir à plenária e falar umas boas verdades para a classe política:
Quero fazer uma pergunta à classe política brasileira. Estou me dirigindo não somente a alguns colegas, ao
Congresso, mas sim à classe política como um todo. Até quando vamos continuar fingindo não entender o recado
do povo, não ouvir o clamor que vem das ruas? Até quando a classe política vai se fechar e fingir ignorar o que
vem das ruas?
Bom Carnaval.