Pequenez de Aras é fruto da megalomania da PGR ‘lavajatista’. Por Fernando Brito

Atualizado em 24 de agosto de 2021 às 20:25
Augusto Aras sendo sabatinado no Senado
Aras durante a sabatina no Senado para assumir a PGR, em 2019
Imagem: Pedro França/Pedro França/Agência Senado

Pequenez de Aras é fruto da megalomania da PGR ‘lavajatista’.

Por Fernando Brito

Ao estabelecer aquela que seria conhecida como sua “terceira lei”, Isaac Newton fixou que “a toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade”.

Na política, ela também existe, embora, à diferença da física newtoniana, elas não precisam partilhar corpo e objeto.

A apresentação, até agora chinfrim, de Augusto Aras, na sabatina para sua recondução à Procuradoria Geral da Justiça é um bom exemplo disso: as promessas de neutralidade soando como de impunidade, o longo desfilar de números burocráticos para negar a omissão da PGR durante a pandemia, as “juras de amor” aos senadores, quando as relações devem ser formais e distantes, pelo papel institucional do Ministério Público.

É inevitável que venha à mente a imagem invertida de Rodrigo Janot: a vaidade arrogante do herói, as bravatas do “enquanto houver bambu, vai flecha” e o “pau que dá em Chico, dá em Francisco”, desde que de levíssimo.

O Ministério Público, empalmado e empolgado pelo grupo de procuradores transtornados de Curitiba, não soube reprimir e conter a ânsia punitiva da ação militante do parquet, agora não pode conter a estagnação omissa do atual e provavelmente próximo Procurador Geral.

Há um ditado antigo sobre, numa briga, entrar-se como leão e sair como cão.

O resultado daquela trama, com todas as suas oportunidades de projeção, endeusamento e até, de quebra, alguns eventos remunerados, não foi apenas desaguar no desastre de levar ao poder Jair Bolsonaro, com o próprio Moro na garupa.

Também nos deixa, agora, três anos depois, sem o maior instrumento de defesa da cidadania, criado pela Constituição de 1988.

Ainda, em algumas áreas e pontualmente, pode-se, algumas raras vezes, ver o papel do MP em defesa de causas de interesse social, quando se trata de questões ambientais e criminais.

Mas, nas questões de defesa das instituições democráticas, dos direitos sociais e do exercício responsável do governo, a cena, ao contrário, é de devastação.

Quando uma instituição ou uma categoria de funcionários do Estado empodera-se de forma alucinada, constroi o caminho de sua própria derrocada.

Leia também

1; CCJ do Senado aprova recondução a PGR; plenário vai votar ainda

2; Senadores defendem recondução dizendo que Lindôra seria pior

3; VÍDEO: Augusto compara não uso de máscara por parte de Bolsonaro a pessoas comendo em restaurantes

Procurador Geral de bambu

Não há mais flechas no MP. Só um Procurador Geral de bambu, flexível aos ventos do poder, tanto que se dobra até tocar o chão.

Dizem os cochichos que isso é para garantir o cargo e que, com ele, voltará com força redobrada.

O nome disso, porém, é vilania.

(Texto originalmente publicado em TIJOLAÇO)