PF investiga Cid e Bolsonaro por inserção de informações falsas nos registros do SUS

Atualizado em 11 de agosto de 2023 às 5:52
Mauro Cid e Jair Bolsonaro. Reprodução

Documentos ligados aos preparativos da viagem realizada em 30 de dezembro de 2022 por Jair Bolsonaro (PL) aos Estados Unidos trazem à tona uma revelação: nem o ex-presidente nem o tenente-coronel Mauro Cid receberam a vacina contra a Covid-19.

Através de trocas de e-mails enviadas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em 8 de janeiro, assistentes de Bolsonaro compartilharam tabelas contendo os nomes dos assessores que acompanharam o então presidente. Um campo crítico, intitulado “DOSES VACINA COVID-19”, foi preenchido com a expressão “nenhuma dose” para Bolsonaro e Cid. Este último ocupava a posição de chefe dos ajudantes de ordem do ex-presidente.

Tentativas de Ocultação e Revelações na Correspondência Eletrônica

Os e-mails, intitulados “credenciamento viagem internacional”, foram enviados nos dias 26 e 28 de dezembro por auxiliares de ordem de Bolsonaro a um funcionário do departamento de eventos e viagens do Palácio do Planalto.

De forma adicional a Cid, outros três ajudantes de ordem foram nomeados no documento. Contudo, todos eles haviam recebido ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19.

Carteira de Vacinação em Suspeita e Implicações Legais

A situação da carteira de vacinação do ex-presidente levantou suspeitas significativas, culminando na detenção de Cid.

Bolsonaro reiteradamente negou ter recebido a vacina, apesar de sua carteira de imunização ter sido mantida em sigilo durante a gestão anterior. Durante a pandemia, suas ações contribuíram para a disseminação de desinformação sobre as vacinas e dificultaram o acesso a elas.

O ex-presidente saindo de sua casa após operação de busca e apreensão da PF em 03/04. Reprodução

Investigações da Polícia Federal

A Polícia Federal (PF) está investigando a possível inserção de informações falsas sobre vacinação nos registros do Sistema Único de Saúde (SUS) do ex-presidente, visando a emissão de um certificado de imunização contra a Covid-19.

A PF suspeita que Bolsonaro, Cid e outros assessores “colaboraram para alcançar um objetivo comum, ou seja, a realização do crime de inserção de informações falsas sobre a vacinação contra a Covid-19”.

Segundo a PF, “acredita-se que essas pessoas tenham emitido os respectivos certificados e os utilizado para contornar as restrições sanitárias em vigor, o que resulta na prática do crime previsto no artigo 268 do Código Penal”.

Impacto nas Relações Internacionais e Suspeitas de Fraude

Os e-mails não fornecem detalhes sobre se o governo usou as informações sobre a imunização de Bolsonaro e sua equipe nas negociações com autoridades dos Estados Unidos.

A PF identificou duas tentativas de inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. Essas informações teriam sido inseridas para registrar que Bolsonaro estava vacinado, caso a questão fosse levantada nos Estados Unidos. Há suspeitas de que esses registros falsos tenham sido apagados após a emissão do documento.

Operação da PF

Bolsonaro foi alvo de uma operação da PF em 3 de maio, como indicado por uma foto na página fornecida.

Os e-mails apresentados à CPI também revelam que Cid recebeu uma mensagem do portal “gov.br” em 22 de dezembro, informando o desbloqueio da conta de Bolsonaro. Horas depois, a mesma fonte notificou o militar sobre a substituição do número de celular e do e-mail registrados no perfil do ex-presidente.

Defesas

Em depoimento à polícia, Bolsonaro negou qualquer envolvimento em tentativas de adulterar o certificado e afirmou que não existia relação entre a alteração do perfil e a emissão do documento. Ele mencionou que o novo e-mail pertencia a Marcelo Câmara, um dos indivíduos que integrariam a equipe de assessores a que Bolsonaro teria direito como ex-presidente.

Cid optou por não prestar depoimento à PF. Sua esposa, por outro lado, admitiu ter utilizado um certificado falso de vacinação contra a Covid-19. Ela também é alvo de investigação no inquérito que apura se informações falsas foram inseridas nos registros de vacinação de Bolsonaro e seus assessores.

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