PF investiga se Braga Netto fazia o elo com golpistas após delação de Cid

Atualizado em 9 de outubro de 2023 às 7:00
Jair Bolsonaro e general Braga Netto. Foto: Reprodução

A Polícia Federal (PF) investiga se o ex-ministro da Defesa e general da reserva, Walter Braga Netto, desempenhou um papel de conexão entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e manifestantes que se instalaram em acampamentos diante de quartéis do Exército, pedindo intervenção militar após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Essa investigação se baseia no depoimento do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que fechou um acordo de delação premiada com a PF, o qual foi homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao ser procurado, Braga Netto declarou, através de sua assessoria de imprensa, que não tem conhecimento do conteúdo da delação e, portanto, não pode fazer comentários sobre um processo sigiloso. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.

Segundo o relato de Cid à PF, Braga Netto costumava manter Bolsonaro informado sobre o progresso das manifestações que visavam minar a ordem democrática e servia como elo entre o ex-mandatário e os integrantes dos acampamentos golpistas.

Uma reportagem do site Metrópoles, publicado em novembro do ano passado, exibiu imagens de indivíduos acampados em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, frequentando a residência que serviu como comitê de campanha para a chapa Bolsonaro-Braga Netto. Nessa época, o ex-ministro da Defesa estava regularmente presente no local.

Braga Netto no “QG do Golpe”. Foto: Refaela Felicciano

Em 18 de novembro, na mesma semana em que os manifestantes foram flagrados no comitê de campanha de Bolsonaro em Brasília, Braga Netto saiu para cumprimentar e tirar fotos com apoiadores em frente à sua residência oficial, após visitar o ex-capitão. Nessa ocasião, o militar pediu aos apoiadores para não desanimarem e “não perderem a fé”.

As declarações desse encontro foram registradas em vídeo, compartilhadas por várias redes bolsonaristas e interpretadas pelos seguidores de Bolsonaro como um apelo para que as estruturas em frente aos quartéis não fossem desmanteladas naquele momento.

Para confirmar o testemunho de Cid, os investigadores estão investigando todas as reuniões ocorridas entre Bolsonaro, Braga Netto e membros das Forças Armadas no final de 2022. Eles também estão examinando registros confidenciais da agenda do ex-presidente, mantidos pela Ajudância de Ordens da Presidência. A maior parte desses encontros aconteceu no Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro permaneceu após a derrota para Lula nas eleições.

Os dados dessas agendas secretas de Bolsonaro revelam que Braga Netto esteve presente em pelo menos quatro ocasiões diferentes no Alvorada. Em 14 de novembro, o militar participou de uma reunião com os comandantes das Forças Armadas, bem como os ministros da Defesa da época, Paulo Sérgio Nogueira, e da Justiça, Anderson Torres.

Braga Netto se tornou um dos principais aliados de Bolsonaro no governo quando assumiu a chefia da Casa Civil em fevereiro de 2020. Posteriormente, em abril de 2021, o militar passou a liderar o Ministério da Defesa, após a demissão do comandante da pasta e da cúpula das Forças Armadas, em meio a demandas por um maior alinhamento político das tropas.

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