PF tem vídeo de reunião golpista entre Bolsonaro e ministros

Atualizado em 8 de fevereiro de 2024 às 13:06
Anderson Torres e Bolsonaro aparecem em gravação de reunião golpista. Foto: reprodução

A Polícia Federal revelou a existência de um vídeo de uma reunião secreta, ocorrida em 5 de julho de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontrou com membros de seu governo e planejou ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Estavam presentes Anderson Torres, então Ministro da Justiça, Augusto Heleno, então Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, Mário Fernandes, então Chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e futuro candidato a vice-presidente da República, que se dividiram em 6 núcleos para articular a tentativa de golpe por diferentes frentes.

Segundo o ministro Alexandre de Moraes, do STF, o material foi encontrado durante buscas na residência do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente Mauro Cid. O vídeo revela uma dinâmica golpista discutida pela alta cúpula do governo, com foco em validar e amplificar desinformação e narrativas fraudulentas sobre as eleições e a Justiça eleitoral.

“A descrição da reunião de 5 de julho de 2022, nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições e a Justiça eleitoral, entre outras, inclusive lançadas e reiteradas contra o então possível candidato Luiz Inácio Lula da Silva, contra o TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, seus Ministros e contra Ministros do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL”, explicou a Polícia Federal.

No vídeo, Anderson Torres reforçou os ataques à credibilidade do sistema eleitoral, afirmando que a Polícia Federal fez sugestões nunca acatadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmando que “o outro lado joga muito pesado, senhores”. Torres também fez ilações sem provas, relacionando o PT ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Paulo Sérgio, ex-ministro da Defesa e Jair Bolsonaro. Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Já Paulo Sérgio Nogueira expressou desconfiança em relação ao TSE, chegando a afirmar que a Comissão de Transparência Eleitoral era apenas “para inglês ver”, constituindo um “ataque à Democracia”. Ele também admitiu que a atuação das Forças Armadas na comissão tinha a finalidade de reeleger Bolsonaro.

“PAULO SÉRGIO NOGUEIRA demonstra sua desconfiança em relação ao Tribunal Superior Eleitoral. Diz: ‘Muito bem, o TSE ele tem o sistema e o controle do Processo Eleitoral. Então, como disse o Presidente, eles decidem aquilo que possa interessar ou não e não tem instância superior. E a gente fica meio que de mãos atadas esperando a boa vontade dele aceitar isso ou aquilo outro'”, aponta o relatório da PF.

O então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, mencionou conversas sobre a infiltração de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas campanhas eleitorais, destacando a necessidade de antecipar as ações golpistas.

“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”, disse Heleno na reunião, segundo a PF.

“Eu acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro”, completou.

O vídeo revela ainda Bolsonaro sugerindo que ações enérgicas fossem tomadas antes das eleições, indicando que chegaria um momento em que não seria mais possível falar, mas apenas agir contra instituições e pessoas.

O general Augusto Heleno. Foto: reprodução
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