PF vai investigar fuga de Bolsonaro para embaixada da Hungria

Atualizado em 25 de março de 2024 às 16:53
Bolsonaro em embaixada da Hungria

A Polícia Federal (PF) anunciou que irá investigar a ida do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à embaixada da Hungria em Brasília. Membros da PF afirmaram que serão apuradas as circunstâncias da visita, que ocorreu quatro dias após ele e integrantes de seu governo serem alvo da Operação Tempus Veritatis, que tratava de uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Vídeos de Bolsonaro chegando à embaixada foram divulgados pelo jornal estadunidense The New York Times, revelando que o ex-presidente passou duas noites no local, entre os dias 12 e 14 de fevereiro. Essa visita pode ser interpretada como tentativa de se esconder da PF ou de fugir para a Hungria em busca de asilo político.

As embaixadas internacionais são, no rigor da lei, consideradas território do país ao qual representa. Portanto, caso o Supremo Tribunal Federal emitisse um mandado de prisão contra o ex-presidente na data, a PF não poderia capturá-lo sob o risco de quebrar um acordo diplomático internacional.

Em nota, a defesa de Bolsonaro confirmou que ele ficou hospedado na embaixada por dois dias, justificando que sua presença teve o objetivo de “manter contato com autoridades do país amigo”.

Os advogados do ex-presidente alegam que “quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prática, mais um rol de fake news”.

Em entrevista ao jornal Metrópoles nesta segunda-feira, Bolsonaro confirmou sua estadia, mas negou que tinha o objetivo de fugir no período: “Não vou negar que estive na embaixada sim. Não vou falar onde mais estive. Mantenho um círculo de amizade com alguns chefes de estado pelo mundo. Estão preocupados. Eu converso com eles assuntos do interesse do nosso país. E ponto final. O resto é especulação”, afirmou.

Quatro dias após a operação da Polícia Federal, as câmeras de segurança registraram a entrada de Bolsonaro no local, acompanhado de dois seguranças, do embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, e de outros membros da equipe diplomática.

A Operação Tempus Veritatis contou com a execução de 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão. Estas incluem proibição de contato com os demais investigados, restrição de saída do país com entrega de passaportes em 24 horas, e suspensão do exercício de funções públicas.

A operação mirou em diversas personalidades do clã bolsonarista, incluindo Braga Netto, Augusto Heleno, os ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres, assim como outros aliados militares ou políticos próximos ao ex-presidente.

Na ocasião, a PF prendeu dois ex-assessores de Bolsonaro. Um dos presos foi Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência. Segundo fontes da PF, Martins foi detido em Ponta Grossa (PR). O outro ex-assessor preso foi o coronel Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens da presidência e atual segurança do ex-presidente contratado pelo PL. O militar foi detido em Brasília.

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