PF vê ligação entre dono de construtora e Bolsonaro na disseminação de fake news

Atualizado em 21 de agosto de 2023 às 22:53
Jair Bolsonaro com expressão de preocupação, olhando pra frente
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Adriano Machado

A Polícia Federal viu um elo entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o empresário Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, na disseminação de notícias falsas sobre o sistema eleitoral.

A constatação faz parte da decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou o arquivamento da investigação contra seis empresários bolsonaristas que trocaram mensagens em um grupo de WhatsApp defendendo um golpe caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Contra dois deles, Meyer Nigri e Luciano Hang, no entanto, o magistrado decidiu prorrogar a investigação.

No relatório da PF que Moraes inseriu em sua decisão, o empresário recebe no dia 26 de junho de 2022 uma mensagem no WhatsApp de um contato identificado como “Bolsonaro 8”.

O texto, referente ao ministro do STF Luís Roberto Barroso, diz que ele “mente” e que há um “desserviço à democracia dos três ministros do TSE/STF”, que faz “somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições”.

Nigri responde: “Já repassei para vários grupos. Faz tempo que não nos falamos. Como vc tá? Abs de Veneza”. Baseada nessa mensagem, a corporação aponta o empresário como disseminador de fake news.

“Conforme exposto no RAPJ n 3815531/2022, a análise das mensagens do aplicativo WhatsApp contidas no telefone celular apreendido identificou que as três mensagens investigadas foram encaminhadas originalmente pelo contato registrado Pr Bolsonaro 8, mediante chat privado do WhatsApp, a MEYER NIGRI pouco antes da publicação no grupo ‘Empresários e Política'”, relatou a PF.

A conclusão é de que a pessoa associada ao contato Bolsonaro 8 enviou ao investigado Meyer Nigri as mensagens com conteúdo de conhecimento falso, atacando integrantes de instituições públicas, principalmente ministros do STF, desacreditando o processo eleitoral brasileiro. Em seguida, após receber os recados, Nigri publicou conteúdo ilícito no grupo de WhatsApp.

Meyer Nigri falando e gesticulando
Meyer Nigri – Reprodução

“Conforme demonstrado neste documento, na análise da conta pertencente ao empresário MEYER JOSEPH NIGRI, ficou robustecido existir uma relação pessoal entre a família do ex-presidente JAIR BOLSONARO e o empresário. Inclusive, no ano de 2021, há evidências de uma possível visita do então presidente a residência de MEYER NIGRI, ressaltando que o específico grupo de WhatsApp denominado Empresários e Política, objeto desta investigação, foi criado, supostamente, naquele ano”, disse a PF, sobre a relação entre Bolsonaro e Nigri.

Por conta dessa ligação, Moraes decidiu prorrogar a investigação contra ele: “A dilação de prazo solicitada pela Polícia Federal é justificada, uma vez que, em relação ao investigado MEYER JOSEPH NIGRI há necessidade de continuidade das diligências, pois o relatório da Polícia Federal ratificou a existência de vínculo entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à Democracia e ao estado Democrático de Direito, utilizando-se do mesmo modo de agir da associação especializada investigada no Inq. 4874/DF”.

À CNN Brasil, Alberto Toron, advogado de Nigri, disse que “o sr. Meyer Nigri recebe com maior respeito a decisão do ministro Alexandre de Moraes, embora realce que nunca teve Facebook ou qualquer plataforma de disseminação de notícias e mensagens”.

“Se ele enviou aqui e ali qualquer mensagem do presidente da República, não significa que anuia com o teor das mensagens”, completou, afirmando também que seu objetivo era fomentar o debate.

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