PM diz que alterou cena do crime em Paraisópolis durante agenda de Tarcísio

Atualizado em 26 de outubro de 2022 às 17:31
Tarcísio de Freitas abrigado durante tiroteio em Paraisópolis
Foto: Reprodução/G1

Um policial militar que participou do tiroteio em Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, disse que alterou a cena do crime para que objetos não fossem retirados do local por outras pessoas. O episódio ocorreu no último dia 17, quando o candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cumpria agenda de campanha. Um suspeito morreu na ação.

Em depoimento à Polícia Civil, um tenente da PM que teve o fuzil apreendido após participar do confronto na favela confirmou ter alterado a cena do crime. Ele disse ter recolhido cartuchos, estojos, carregador de pistola, coldre, um celular e um relógio do local, “afirmando que seria para que não fossem perdidos ou subtraídos por populares”, segundo o boletim de ocorrência do caso.

O agente disse ainda ter sido um dos primeiros a chegar no local, por volta das 9h45, para determinar o patrulhamento nas imediações do local onde ocorreria a agenda de Tarcísio.

Ontem, um áudio revelado pela Folha de S.Paulo aponta que um integrante da equipe do ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro (PL) mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens da ação.

Questionada sobre o relato, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) não se posicionou. Em nota, o órgão detalhou apenas o andamento das investigações, que inclui depoimentos, imagens captadas no local e solicitação de perícia.

“Foram requisitadas as imagens das câmeras corporais de policiais militares que estavam na ocorrência, dos comércios da região, e também as imagens de profissionais de órgãos de imprensa que estavam cobrindo o evento (…). As investigações prosseguem dentro do prazo legal e com o acompanhamento do Ministério Público Estadual.”

Segundo o UOL, especialistas dizem ver fraude processual no episódio. “Essa alegação [de retirada de estojos e cartuchos para evitar subtração por parte de moradores] é uma forma de justificar adulteração da cena do crime. Mas, se há esse risco, o policial primeiro precisa justificar por que os seus procedimentos de preservação do local não foram realizados”, afirma o perito criminal aposentado da Polícia Civil do Distrito Federal, Cássio Thyone Almeida de Rosa.

“O estojo pode indicar o local e o ângulo dos tiros. A alteração da cena do crime dificulta a investigação. Espero que a Polícia Civil tenha a liberdade para apurar a veracidade dos fatos”, diz o professor na área de Segurança Pública na FGV, Rafael Alcadipani, ao UOL.

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