Por que o acordo no TSE é injusto com a campanha de Lula e expõe pressão de Bolsonaro

Atualizado em 21 de outubro de 2022 às 20:30
Moraes presidirá sessão que decidirá sobre direitos de resposta pró-Lula

Reportagem da jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor Econômico, mostra os bastidores da tentativa de acordo entre as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva e de Jair Bolsonaro referente aos pedidos de direito de resposta intentados por ambas as partes junto ao TSE.

Alexandre de Moraes pretendia que as duas candidaturas desistissem dos pedidos de retratação, o que claramente beneficiaria a campanha bolsonarista. A proposta não foi aceita pelos advogados do petista, Cristiano Zanin e Angelo Ferraro. Abaixo, trechos da matéria:

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, colocará nesta sexta-feira, em plenário virtual, o efeito suspensivo decidido pela ministra Maria Claudia Bucchianeri em favor da campanha do presidente Jair Bolsonaro. Os ministros terão 24 horas para decidir se referendam ou não a decisão da ministra de acatar o recurso da defesa do presidente Jair Bolsonaro contra os 184 direitos de resposta obtidos pela campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (…)

Ao fim da sessão do TSE de quinta-feira, o presidente do TSE chamou Tarcisio Vieira, ex-ministro do tribunal e hoje advogado de Bolsonaro, e os advogados da campanha petista Cristiano Zanin e Angelo Ferraro. Feita a proposta, o advogado de Bolsonaro topou na hora, afinal de contas, a campanha de Lula havia colocado uma dianteira de mais de 300 inserções sobre a de Bolsonaro, obtidas graças à estratégia traçada pela campanha petista. (…)

A campanha lulista já estimava um potencial de até 2 pontos percentuais a mais com base não apenas na vantagem numérica de inserções como também no discurso de que os direitos de resposta respaldavam o refrão “Bolsonaro mentiroso”. (…)

Zanin ainda se deu ao trabalho de consultar a campanha, mesmo antevendo uma má receptividade à proposta de acordo do ministro, como, de fato, aconteceu. “Nunca atacamos o tribunal, o outro lado o ataca todos os dias, se ganhamos as inserções é porque respeitamos os ritos da Corte, como é que vamos fazer um acordo?”, indagou Zanin.

A reunião acabou no início da noite de quinta-feira. Menos de duas horas depois, veio a decisão de Maria Claudia Bucchianeri, a mesma ministra que havia arbitrado a favor da maioria dos direitos de resposta para o PT – grande parte dos quais em função da associação de Lula ao voto dos presidiários – que atendeu ao recurso da campanha de Bolsonaro.

Se não parecia razoável ao PT abrir mão de sua dianteira nas inserções por um acordo de cumprimento duvidoso, a saída foi reverter a decisão que havia beneficiado o partido. Foi o que Maria Claudia Bucchianeri fez. A partir daí, Moraes pautou o plenário virtual, quando todos os sete ministros terão oportunidade de se pronunciar sobre a decisão. (…)

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