Pré-pago, robôs e clones: como bolsonaristas pretendem driblar STF para espalhar fake news

Atualizado em 5 de junho de 2022 às 15:56
Governo Bolsonaro usa projeto de internet gratuita para exibir propagandas
O presidente Jair Bolsonaro (PL) no celular. Foto: Isac Nóbrega/PR

Os bolsonaristas estão atentos aos movimentos do STF (Supremo Tribunal Federal) e buscam soluções para não serem presos em flagrantes durante a campanha eleitoral. Mesmo assim, já é considerado fora de cogitação entre grupos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) o não uso das fake news para tentar impedir a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em fóruns anônimos e grupos do Telegram, os bolsonaristas se organizam visando impedir o alcance de Alexandre de Moraes, ministro responsável pelo inquérito que combate as fake news. O DCM mostrou que usuários procuram um país longe dos tentáculos do Supremo para hospedar o banco de imagens e arquivos com milhares de documentos de fake news.

Mas isso não é tudo. O grupo sabe que, em caso de espalhar notícias falsas no período eleitoral, eles poderão se complicar. Por isso, já há uma estratégia traçada no QG. O primeiro passo é o uso de aparelhos de smartphones com chips pré-pagos. Em um canal de Telegram, os usuários explicam como vai funcionar. “Tem um monte de CPF na internet, de gente morta, de político e de famosos. A gente cadastra no nome deles para o disparo”, avisa.

A intenção é de que, caso alguma dessas mensagens sejam descoberta como fonte originária, as investigações não consigam chegar no verdadeiro culpado, já que, ao cadastrar o número, foi usado um CPF falso.

Mas isso não é tudo. Bolsonaristas experientes em redes sociais já buscam programas que rodam sem a necessidade da internet brasileira para disparo de robôs em massa. Isso significa que uma mesma mensagem será disparada centena de milhares de vezes por minuto para números diferentes. O foco neste caso é atingir o maior número de pessoas no WhatsApp e no Telegram, considerado os dois principais aplicativos do país para conversas.

Mas outras redes não serão ignoradas. Twitter, TikTok e Kwai se farão presentes com o uso de perfis falsos. Mas não serão simplesmente criados usuários fakes e haverá todo um controle desses robôs, já que eles usarão IPs maquiados em outros países, tudo para tentar evitar que futuras investigações cheguem aos verdadeiros criadores.

Em canais do Telegram, bolsonaristas avisam para todos que quiserem engajarem na história, para evitarem o Facebook e o Instagram. O grupo entende que os dois aplicativos estão mais arrojados no combate às fake news e conseguem identificar rapidamente a fonte do envio e apagar a mensagem, sem impactar de fato muitas pessoas.

Com isso, a expectativa desses bolsonaristas é de atingirem milhões de eleitores e criarem fake news como a “mamadeira de piroca”, que acabou pegando, ou o “kit gay”.

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Daniel César é jornalista e trabalha no Diário do Centro do Mundo como editor. Escreve desde os 10 anos e é fanático por TV, novelas e política.