São estarrecedoras as declarações do deputado Luís Miranda (DEM-DF) sobre o processo que culminou na compra superfaturada pelo governo da vacina indiana Covaxin.
Miranda disse na manhã desta quarta, 23, que alertou Bolsonaro sobre irregularidades. Afirma ter comunicado o presidente em março. Entregou documentos.
“É o mesmo grupo econômico que recebeu por medicamentos do Ministério da Saúde e não entregou’. Só por isso aí, ele não já deveria fazer negócio com eles”.
Se fazendo de desentendido, segundo Miranda, Bolsonaro perguntou sobre a empresa. Teve como resposta que se tratava da Global Gestão em Saúde, implicada em escândalo milionário no período em que Temer usurpou a presidência.
O protagonista do esquema é o mesmo do período do golpista: o ex-ministro da Saúde, Ricardo Barros, hoje líder do governo na Câmara.
De todos os defeitos de Bolsonaro, um salta aos olhos – já que os demais são tão conhecidos que foram assimilados pelo imaginário popular: o genocida sempre defendeu o combate à corrupção e boa parte do seu gado acredita nisso.
“Quando eu vi a corrupção ali, clara, visível, pelo menos os indícios eram de algo errado ali, eu levei para o presidente da República, hoje o maior defensor no combate à corrupção. Eu levei para ele”, diz Luís Miranda.
“É o mesmo grupo econômico que recebeu por medicamentos do Ministério da Saúde e não entregou. Só por isso aí, ele não já deveria fazer negócio com eles”.
Em entrevista ao site Antagonista, deu mais informações sobre o diálogo com o presidente.
“Meu irmão está recebendo uma puta pressão de coronéis, de gente da cúpula do governo, para fazer um pagamento e importar uma vacina que não tem Anvisa, para fazer um pagamento que estava em descompasso com o contrato e pior: o nome da empresa que vai receber o dinheiro não é a que fez o contrato com o Ministério da Saúde, nem a intermediária. É uma loucura. Fora as quantidades: o contrato previa 4 milhões na primeira entrega e só tem 300 mil”.
Segundo o parlamentar, Bolsonaro teve tempo de desfazer o negócio, mas evitou.
“Dava tempo de o presidente ter revogado o contrato. Ele disse para mim com todas as letras: ‘Deputado, é grave’. Ele falou até para o meu irmão: ‘Obrigado por trazer isso para mim, porque isso aqui é grave, gravíssimo’.
Resumindo: teve oportunidade de evitar um prejuízo bilionário aos cofres públicos e não fez.
Errou por prevaricação ou por ser parte do esquema. Nos dois casos precisa ser responsabilizado.