Procuradora que mandou MST comer mortadela é a que Moro queria trocar por “ser fraca”

Atualizado em 2 de março de 2021 às 15:36
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A procuradora federal Laura Tessler, que aconselhou o colega Roberson Pozzobon a “deixar o MST comer a mortadela deles” é a mesma que o então juiz Sergio Moro, no dia 13 de março de 2017, pediu a Deltan Dallagnol que fosse substituída nas audiências do processo do tríplex do Guarujá por ser considerada fraca para advogados de defesa. É o que mostram os diálogos protocolados nesta segunda-feira (1) pela Defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no STF.

Moro aconselhou a Dallagnol um “treinamento” para a procuradora: “Prezado, colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem ”, escreveu.

No dia 9 de maio de 2017, os procuradores da extinta Operação Lava Jato estavam empenhados em encontrar alguma coisa de irregular na manifestação que o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e outros movimentos populares estavam organizando para aquele mês, em Brasília, contra o então presidente Michel Temer (MDB).

Em conversa por aplicativo de celular, os procuradores buscavam um jeito de criminalizar a manifestação. “Sabe o que poderíamos fazer? Verificar as placas de todos os ônibus que estão chegando com Mst e cia. E depois ver quem tá financiando, ‘tal tá com dinheiro em espécie, propina’”, sugeriu o procurador federal Roberson Pozzobon, também chamado de “Robito” por seus pares nos diálogos periciados.

O que o procurador sugere é exatamente o que nenhum procurador deve fazer: escolher um alvo e investigar suas ações em busca de um crime. Em resposta, a mesma procuradora criticada por Moro, Tessler adverte para o óbvio, embora não deixando de admitir que “seria divertido”: Parece perseguição. Deixa os caras comerem a mortadela deles. rs”.

Três dias antes de Moro enviar a mensagem a Deltan Dallagnol, Tessler participou de uma audiência com os ex-ministros Henrique Meirelles e Luiz Fernando Furlan sem ter feito nenhuma pergunta às duas testemunhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do tríplex do Guarujá. Depois disso, não participou de mais nenhum interrogatório do caso.

Porém, um dos diálogos entre os procuradores da Lava Jato de Curitiba via WhatsApp mostram que houve uma perseguição de Tessler contra o ex-presidente Lula. Uma das conversas mostra a procuradora torcendo para o petista “se ferrar”, após ele pedir que seu depoimento a Moro, meses antes da condenação, fosse transmitido ao vivo.

Laura Tessler escreve: “Dá pra gritar gol quando ele se ferrar? kkkkk”. Ao que o procurador Athayde Ribeiro Costa responde: “kkkkk”.