Propagandista da cloroquina, Nise Yamaguchi já defendeu outras terapias ineficazes

Atualizado em 1 de junho de 2021 às 9:22
Nise Yamaguchi, médica defensora da cloroquina e suspeita de participar de um “ministério paralelo” da Saúde. Foto: Reprodução

A CPI da Covid ouve nesta terça (1) o depoimento da oncologista e imunologista Nise Yamaguchi.

Entusiasta do “tratamento precoce” contra a covid-19, a médica de 58 anos chegou a ser cotada para substituir Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde em abril de 2020.

Além de apoiar o isolamento vertical, Yamaguchi recomenda a combinação entre hidroxicloroquina e azitromicina logo nos primeiros sinais de infecção por coronavírus.

Mas a médica não defende apenas as loucuras propagadas por Jair Bolsonaro.

Ela também afirma que os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), usados por hipertensos e diabéticos, podem deixar o paciente mais vulnerável à covid.

As sociedades europeia e brasileira de cardiologia e de diabetes desmentiram as declarações de Nise. “Não há evidências de que esses medicamentos tenham qualquer efeito negativo para seus usuários no contexto da covid-19”, esclarecem as entidades.

Em entrevista ao UOL no ano passado, Yamaguchi se disse defensora da fosfoetanolamina, conhecida como “pílula do câncer”, e desdenhou de um ensaio clínico feito com pacientes graves que mostrou a ineficácia do medicamento.

No início de 2021, ela foi proibida pela Justiça de tratar o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio com ozonioterapia, tratamento de medicina alternativa que alega aumentar a quantidade de oxigênio no corpo introduzindo ozônio.

Acusada de tentar mudar a bula da hidroxicloroquina na pandemia, a médica foi expulsa do hospital Albert Einstein, em São Paulo, justamente por causa da defesa intransigente do medicamento.

Inimiga da comunidade científica, Nise Yamaguchi deve dar trabalho aos senadores hoje em seu depoimento à CPI.