Putin: “A dança dos vampiros acabou”

Atualizado em 17 de março de 2024 às 13:26
Vladimir Putin, presidente russo a caminho do sexto mandato. Reprodução

O presidente russo criticou a prática das elites ocidentais de “se encherem de carne humana e de dinheiro nos bolsos” e declarou que esse período está chegando ao fim.

O presidente russo, Vladimir Putin, abordou o papel dos países ocidentais no mundo e no conflito ucraniano, além da possibilidade de uma guerra nuclear e do sistema político dos EUA, entre outros assuntos, em uma entrevista com o CEO do grupo de mídia Rossiya Segodnya, Dmitry Kiseliov, reportada na quarta-feira pela Rossiya 1 e pela RIA Novosti.

“A dança dos vampiros está chegando ao fim”

O presidente indicou que atualmente “muitas pessoas no mundo parecem estar” observando a Rússia e acompanhando de perto sua luta pelos interesses nacionais. Ele explicou que os “cidadãos comuns” dos países ocidentais, liderados pelas elites por séculos, “sentem em seus corações o que está acontecendo” e associam a luta da Rússia pela independência e verdadeira soberania “às aspirações por sua própria soberania e desenvolvimento independente”.

A essência do problema “baseia-se no fato de os chamados ‘mil milhões dourados’ terem, por séculos – cerca de quinhentos anos – praticamente parasitado outras nações”, disse, referindo-se às elites ocidentais.

“Há séculos, eles estão acostumados a se encherem de carne humana e de dinheiro nos bolsos”

“Eles destruíram os infelizes povos da África, exploraram a América Latina, exploraram os países da Ásia. E, claro, ninguém esqueceu isso”, afirmou o presidente russo, acrescentando que a situação atual é agravada “pelo fato de as elites ocidentais terem um forte desejo de congelar a situação existente, a situação injusta nos assuntos internacionais”. “Por séculos, eles se acostumaram a se encherem de carne humana e de dinheiro nos bolsos. Mas eles precisam entender que a dança dos vampiros está chegando ao fim”, afirmou.

Rússia pronta para “conversas sérias” sobre a Ucrânia

Putin reiterou que Moscou está disposta a resolver o conflito na Ucrânia por meio de negociações de paz, mas que deve ser uma “conversa séria”, não sendo utilizada pela outra parte apenas porque está “ficando sem munição” ou porque se baseia em “pensamentos positivos após o uso de drogas psicotrópicas, mas nas realidades que se desenvolveram no terreno”.

“Estamos prontos para conversas sérias e queremos resolver todos os conflitos, e especialmente este conflito [na Ucrânia], por meios pacíficos. No entanto, precisamos entender claramente que não se trata de uma pausa que o inimigo quer fazer para se rearmar, mas sim de uma conversa séria com garantias de segurança para a Federação Russa”, afirmou.

Tropas ocidentais na Ucrânia

No contexto da escalada das relações entre a Rússia e os EUA e das declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o possível envio de tropas ocidentais para a Ucrânia, o presidente russo afirmou que Moscou tratará as tropas norte-americanas como intervencionistas se aparecerem em território ucraniano.

“Os EUA anunciaram que não vão enviar tropas. Sabemos o que são as tropas americanas em território russo: são intervencionistas. E trataremos delas dessa forma, mesmo que apareçam no território da Ucrânia. Eles entendem isso”, disse Putin.

O presidente indicou também que os países que “não têm linhas vermelhas” com Moscou “devem entender que a Rússia também não terá linhas vermelhas com eles”. Nesse sentido, esclareceu que as pequenas nações da Europa que apelam ao “endurecimento da política” em relação a Moscou e tomam “medidas extremas”, como o envio de tropas, não serão afetadas pelas consequências de suas “declarações provocativas”. Mas os países que poderiam ser afetados “estão se comportando com muito mais contenção”, afirmou.

Quanto aos planos de altos funcionários militares alemães para atacar a ponte da Crimeia, o presidente russo disse que eles estavam simplesmente “fantasiando”, porque eles mesmos entendem que um hipotético ataque com mísseis Taurus em território russo seria uma violação da Constituição alemã.

A questão das armas nucleares

Putin advertiu que, se os EUA realizarem um teste nuclear, não é impossível que a Rússia faça o mesmo. Putin acrescentou que, do ponto de vista técnico-militar, a Rússia está preparada tanto para testes nucleares quanto para uma guerra nuclear. “Sim, estamos sempre prontos. Quero deixar isso bem claro. Não se trata de armas comuns, trata-se de um tipo de armas, de um tipo de tropas que estão constantemente sendo preparadas para o combate”.

Putin afirmou que a tríade nuclear russa é mais moderna do que qualquer outra no mundo e “todo mundo sabe disso”. Por essa razão, os EUA estão desenvolvendo suas forças nucleares, “mas isso não significa que estão prontos para lançar essa guerra nuclear amanhã”, disse Putin. “Bem, se eles quiserem, o que podem fazer, nós estamos prontos”, sublinhou.

Míssil russo Avangard X defesa aérea dos EUA

Putin afirmou que o Pentágono gasta “muito dinheiro” na manutenção de suas bases em todo o mundo e na produção de armas. No entanto, se compararmos o custo dos sistemas de defesa aérea dos EUA e os complexos hipersônicos russos Avangard, de alcance intercontinental, vemos que são “valores incomparáveis”.

“Nós, de fato, cancelamos tudo o que eles fizeram, tudo o que investiram neste sistema de defesa antimísseis”, sublinhou o presidente, salientando que é assim que deve permanecer a estratégia econômica das forças armadas russas.

Eleições americanas

“Não interferimos de forma alguma em quaisquer eleições. E, como já disse várias vezes, trabalharemos com qualquer líder em quem o povo americano, o eleitor americano, confie”,disse Putin. “Penso que isto é óbvio para todos: o sistema político americano não pode aspirar ao papel de ser democrático em todos os sentidos da palavra.

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