Originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES
Por Moisés Mendes
A mais recente pesquisa do Datafolha informa: a expectativa de aumento da inflação atingiu em dezembro o maior patamar registrado no governo Bolsonaro.
Para 72% dos entrevistados, a inflação vai aumentar. Em agosto deste ano, eram 67%. Em abril do ano passado, eram apenas 45% os que previam alta da inflação.
Pois naquele abril, quando menos da metade acreditava em alta da inflação, Bolsonaro tinha a aprovação de 32% da população.
E desses 32% a maioria era de classe média pra cima. Os pobres não ofereciam grande lastro de apoio a Bolsonaro.
Agora, 72% da população acredita em alta da inflação, enquanto a aprovação de Bolsonaro chega a 37%. O apoio ao sujeito caiu entre os ricos e cresceu entre os pobres, segundo o Datafolha.
Resumindo e quase desenhando, se é que precisa. Bolsonaro aumentou inflação e desemprego, perdeu apoio da classe média e dos ricos e ganhou apoio dos pobres.
Quanto pior vai ficando o cenário geral do país, mais apoio Bolsonaro tem dos que empobrecem. A conclusão mais óbvia é a de que esse ainda é o efeito do auxílio emergencial, que já acabou.
Precisaremos saber, já em janeiro, como a população começa a se comportar sem a ajuda dos R$ 600.
Mas há um problema. A Folha vem se resguardando e evitando pesquisas sobre Bolsonaro. Demorou quatro meses até fazer a última, divulgada dia 13 de dezembro (a que dá aprovação de 37%).
Quanto tempo a Folha ficará enclausurada de novo, com medo de fazer pesquisas sobre a aceitação de Bolsonaro?
Se o jornalismo mais elementar ainda estiver valendo, o Datafolha deve informar, no início do ano, qual é o humor do brasileiro que ficou sem ajuda, sem emprego e sem perspectivas.
Mas o jornalismo anda muito cansado.
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