Já se falou bastante sobre a quebra da Itapemirim e o prejuízo causado pelo voo de galinha orquestrado por Sidnei Piva, um paranaense sem formação universitária que comprou a veneranda empresa capixaba dos fundadores, a família Cola.
É um caso raro de mal feitos em série. Primeiro lançar uma companhia aérea em meio a maior crise da história da aviação provocada pela pandemia. Depois financiar a aventura com recursos de um grupo econômico que está em recuperação judicial e que não tem honrado o pagamento a credores.
Se isso fosse tudo, vamos lá, não seria a primeira vez.
A novidade lançada por Sidnei está na forma de contratação da tripulação para operar os aviões da companhia: para ter direito a concorrer à vaga, funcionários e pilotos tinham de depositar uma taxa de R$ 1 mil – caso contrário a empresa nem olhava o currículo.
A Itapemirim também começou a vender passagem antes de obter a autorização formal da Anac, em maio, conforme reportagem do Globo. E duas semanas antes da estreia, em 29 de junho, teve que promover uma alteração na malha de voos provocando uma série de cancelamentos devido a contratempos na importação de aviões.
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A ITA Transportes Aéreos suspendeu as operações na noite desta sexta-feira, menos de seis meses após a sua primeira decolagem.
Quebrado no Brasil, Sidnei agiu rápido. Abriu uma empresa em Londres com capital social de R$ 6 bilhões. Ele já foi denunciado por portar diferentes CPFs e trava uma batalha judicial com a família fundadora do negócio, que adquiriu por R$ 1 dentro da recuperação judicial.
O vexame do voo de galinha
Hoje o Grupo Itapemirim tem mais de R$ 200 milhões em dívidas reconhecidas no plano de recuperação, e outros R$ 2 bilhões em dívidas públicas — valores que tenta contestar na Justiça.
Sendo tão amigo de Bolsonaro, certamente Sidnei achou que seria simples driblar o fisco e correr para o abraço.