Quem é Corinna, a ex-amante do rei fujão Juan Carlos que está no centro do escândalo de corrupção

Atualizado em 4 de agosto de 2020 às 18:55
Corinna em 2015.© JP Yim / Getty Images via AFP

Publicado originalmente no Diário de Notícias de Portugal

O rei emérito espanhol, Juan Carlos, deixou Espanha no meio de uma investigação sobre uma alegada comissão de cem milhões de dólares que terá recebido dos sauditas e que terá passado por paraísos fiscais até chegar, em parte, à conta da sua alegada amante, a empresária alemã Corinna Larsen. Quem é a mulher que está a pôr em causa a monarquia?

Corinna Larsen conheceu Juan Carlos em 2004, durante uma caçada em La Garganta (propriedade do duque de Westminster em Ciudad Real), de acordo com o El País. Usava então ainda o seu nome de casada, Corinna zu Sayn-Wittgenstein, apesar de já estar separada do seu segundo marido, o príncipe alemão Casimir (o primeiro marido foi o empresário britânico Philip Adkins). Só perderia o apelido e o título de princesa quando este voltou a casar, em 2019, com uma modelo de 28 anos.

Filha do dinamarquês Finn Bönnig Larsen (que foi diretor europeu da companhia aérea brasileira Varig) e da alemã Ingrid Sauerland, estudou Relações Internacionais em Genebra e foi viver para Paris com 21 anos. Na juventude, passava férias em Marbella. Fala cinco idiomas. Viveu no Mónaco, onde trabalho como assessora do príncipe Alberto e da sua mulher, Charlene.

Corinna tinha 39 anos quando conheceu Juan Carlos (casado desde 1962 com Sofia) e trabalhava como gerente de uma empresa de armas, a Boss and Company, que organizava caçadas de luxo. Depois de conhecer o rei, então com 66 anos, fundou a Apollonia Associates, uma empresa de “assessoria estratégica a clientes corporativos e institucionais em transações transfronteiriças”, tendo começado também a trabalhar como assistente de Juan Carlos.

É ela que organiza, a pedido do rei, a lua-de-mel de Felipe e Letizia no Camboja, ilhas Fiji e Califórnia e também terá procurado trabalho para o marido da infanta Cristina, Iñaki Urdangarin, na Fundação Laureus, mas este recusa — desde 2018 que cumpre pena de prisão por desvio de fundos e tráfico de influências e o nome de Corinna surgiu durante o julgamento.

Os rumores da relação extramatrimonial de Juan Carlos com Corinna (que tem uma filha do primeiro casamento e um filho do segundo) chegaram à opinião pública em 2012, depois de o monarca ter caído durante uma caçada aos elefantes no Botswana, tendo que ser operado à anca de urgência no regresso a Madrid.

Na viagem, igualmente polémica por mostrar a vida de luxo do rei quando os espanhóis viviam em crise, ia também Corinna, o seu primeiro marido e o filho mais novo (fotografado ao lado de Juan Carlos e do elefante que este terá matado). Não era a primeira vez que viajavam juntos, tendo Corinna sido várias vezes fotografada junto do rei.

Volta à ribalta por causa das gravações das conversas com o ex-polícia José Manuel Villarejo, atualmente detido, onde revela que Juan Carlos tem contas na Suíça em nome de testas de ferro e que recebeu comissões milionárias com negócios com empresas espanholas. E também, já este ano, por ter recebido quase 65 milhões de euros que diz que o monarca transferiu para si por “gratidão e amor”.

O dinheiro será parte da comissão que o monarca terá recebido dos sauditas por causa do negócio para a construção de uma linha de comboio de alta velocidade entre Meca e Medina, a cargo de um consórcio espanhol. Um negócio que suíços e espanhóis estão a investigar, sendo Corinna — que depois de terminada a relação com o monarca alegou ter sido alvo de perseguição por parte da secreta espanhola — acusada de branqueamento de capitais.