Quem é o favorito para o STF e como ele cresceu com os erros de Zanin

Atualizado em 29 de agosto de 2023 às 10:04
Lula e Jorge Messias, favorito para a segunda vaga no STF

Não é verdade que Lula está convencido de que uma mulher negra seja a melhor indicação para a próxima vaga do STF a ser aberta em outubro, com a aposentadoria de Rosa Weber.

Com a sucessão de votos desastrosos de Cristiano Zanin, cresce o nome de Jorge Messias, dizem fontes ouvidas pelo DCM.

“Lula escolheu com o fígado. O peso principal foi lealdade. Nunca tomou uísque ou dividiu uma pizza com Zanin, que é quando se conhece de fato uma pessoa”, afirma um jurista próximo do presidente. “Em sua posse, Zanin sentou-se à mesa com Nelson Willians. Essa é a turma dele”.

Empresário e dono de um dos maiores escritórios de advocacia empresarial, Willians gosta de ostentar seu estilo de vida luxuoso em suas redes, com carros de luxo e viagens paradisíacas. “Lula pode até falar que não, mas está surpreso negativamente com Zanin. Agora não pode mais errar”, declara um deputado do PT.

Atual advogado-geral da União, Messias é figura próxima e confiável ao presidente e tem recebido apoio de segmentos progressistas e de lideranças petistas.

Ele também tem construído relacionamentos com deputados do campo religioso, garantindo suporte significativo nesse meio. Messias é batista, mas não “terrivelmente evangélico”. “Ele frequenta a igreja e professa sua fé, mas sempre com preocupação social. Nunca foi radical”, relata um parlamentar petista.

Aos 42 anos, é graduado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife (UFPE) e tem mestrado pela Universidade de Brasília (UnB), onde também está finalizando seu doutorado. É do Grupo Prerrogativas, instrumental para a derrocada da Lava Jato, e que foi preterido na escolha da primeira vaga para o Supremo por Lula.

Atua como procurador da Fazenda Nacional desde 2007 e acumula experiência em diversos cargos públicos, incluindo subchefia para Assuntos Jurídicos da Presidência da República e secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação. Também foi consultor jurídico em diferentes ministérios e trabalhou como procurador para o Banco Central e o BNDES.

Ganhou notoriedade em 2016, sendo apelidado de “Bessias” após o infame grampo telefônico envolvendo uma conversa entre Lula e Dilma Rousseff. A divulgação da conversa, autorizada pelo então juiz Sergio Moro, resultou em uma liminar do ministro Gilmar Mendes do STF, impedindo a posse de Lula na Casa Civil.

Sua nêmesis é Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União. Mas o passado de Dantes o condena: ele foi um dos que votaram pela rejeição das contas de Dilma, em 2016, decisivo para o golpe.

Num momento em que Lula e o PT querem “anular” o impeachment de Dilma e redimi-la, fica, no mínimo, estranho promover um de seus algozes.

No último domingo, Janja comentou nas redes sociais um meme em que ela “confunde” Cristiano Zanin e André Mendonça. “É engraçado, mas também tem um tantinho de trágico”, escreveu, furando a cortina de silêncio oficial sobre o caso.

A tragédia não pode se repetir como farsa.