A direita estadunidense tem uma nova personalidade de desafeto. Trata-se de Hansjorg Wyss, de 88 anos, apontado pelos conservadores americanos como um novo George Soros, o megainvestidor húngaro que se tornou filantropo e agora é odiado pela direita.
Um relatório de oito páginas, preparado pela Americans for Public Trust (APT), grupo vinculado a Leonard Leo, um conservador influente, ilustra como os republicanos estão tentando retratar Wyss como o próximo influenciador da esquerda.
À medida que as eleições presidenciais dos EUA de 2024 se aproximam, surgem preocupações sobre o potencial de mais interferência eleitoral. A campanha conservadora contra Wyss busca mostrar como o “dark money” de difícil rastreamento é utilizado tanto pela direita quanto pela esquerda nos EUA polarizados de hoje.
De um lado estão operadores como Leo, que passaram décadas pressionando os tribunais americanos para a direita e agora arrecadam milhões para grupos contrários aos direitos ao aborto e às iniciativas de combate às mudanças climáticas. Do outro lado estão doadores-influenciadores como Wyss, patrono de longa data de causas relacionadas ao meio ambiente e à saúde.
Wyss tem poucas conexões conhecidas com Soros, além de uma agenda ambiental semelhante. Sua riqueza circula há anos pelo ecossistema liberal dos EUA, mesmo quando os democratas denunciam o “dark money” na política americana, que permite que grupos politicamente ativos protejam a identidade de seus doadores.
Para a direita, suas posições políticas, riqueza e origens estrangeiras inevitavelmente provocam comparações com Soros, frequentemente vistas como antissemitas.
Estrategistas republicanos como Leo buscam desviar os holofotes de si mesmos e direcioná-los para liberais ricos como Wyss. A APT pagou mais de US$ 480 mil à CRC Advisors, empresa de consultoria de Leo, no ano passado, de acordo com declarações fiscais.
Ela recebe quase todo o seu dinheiro do DonorsTrust, um fundo conservador que recebeu centenas de milhões de dólares de grupos ligados a Leo, conforme mostram as declarações. O embate político ganha destaque em meio a preocupações crescentes sobre financiamento político e influência estrangeira nas eleições americanas.
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