Saiba quem fez o game com Lula lançado na reta final das eleições. Por Zambarda

DCM entrevistou os desenvolvedores responsáveis pelo jogo

Atualizado em 30 de setembro de 2022 às 21:59
O jogo Lula Play
O jogo Lula Play. Foto: Divulgação

Na sexta-feira (23), o coletivo Gabinete da Esperança, que está contribuindo para a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, lançou o game Lula Play. Dá para jogar aqui.

O DCM conversou com os desenvolvedores do jogo criado para as eleições de 2022. Título foi criado pelo estúdio NebulaDreams, autor do game Desencoste de conscientização na pandemia, com apoio da empresa Dyxel Gaming, ambas de São Paulo.

A empresária por trás da Dyxel é a professora Érika Caramello. Ela explicou ao Diário como se deu o processo. “O Instituto Lula se aproximou de nós depois do processo de criar a cartilha Lula Play. Eles sondaram outros estúdios, mas a gente topou fazer esse jogo na reta final”.

“Fizemos um jogo no gênero ‘runner’, de corrida automática, para mostrar o espírito do Lula de correr pelo Brasil e virar votos. Foi uma forma também de abordar os problemas de governos anteriores. Lula corre para que as pessoas voltem a ter sua casa própria, poder aquisitivo, emprego, distribuição de vacinas e de remédios, além de comer a sua picanha”, explica Érika ao DCM.

Érika Caramello, empresária e professora na área de jogos
Érika Caramello, empresária e professora na área de jogos. Foto: Divulgação

De acordo com a empresária, o projeto teve desenvolvedores envolvidos durante todo tempo e parte da equipe que trabalhou nas horas vagas, uma vez que tanto a Dyxel quanto a Nebula Dreams tiveram outras demandas.

Para os devs envolvidos, o maior desafio foi finalizar o projeto a tempo de ser utilizado ainda nas eleições, evitando bugs e problemas técnicos no game. 

Renato Rodnik, da Nebula, explicou como eles encararam a iniciativa. “Por ter sido desenvolvido em uma semana, foi um grande desafio poder alinhar no projeto. Deixo meu agradecimento ao desenvolvedor Marcelo Rigon, da Ilex Games, que apoiou o desenvolvimento desse jogo”.

“Quando ouvimos sobre a possibilidade de criar um jogo para o Lula, ficamos surpresos. Sabíamos que era uma grande oportunidade e responsabilidade. Pensamos em colocar nele uma pauta divertida e conscientizadora nas eleições”, completa Rodnik.

Lula Play é um runner com o ex-presidente pegando objetos que fazem parte do seu plano de governo, da picanha para o povo até a carteira de trabalho para os desempregados. Para o candidato sobreviver até vencer essas eleições, o personagem precisa pular e destruir armas, a fome e todas as pautas de Bolsonaro.

Gabriel Barbosa Ernica
Gabriel Barbosa Ernica. Foto: Divulgação

Gabriel Barbosa Ernica, um menino internado no Graac (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), jogou o game Lula Play e amou, enquanto fazia seu tratamento de quimioterapia, segundo a equipe da campanha do ex-presidente.

A mecânica para destruir as pautas do adversário que são cinzentas imita o salto de clássicos dos games, como Super Mario. O nome Lula Play é inspirado em uma cartilha de mesmo nome que foi entregue ao ex-presidente em 17 de agosto de 2022.

O que é a cartilha Lula Play

Da esquerda para a direita: Pedro Zambarda, Eddy Venino, Kao Tokio, Érika Caramello, Pedro Zambon, Rique Sampaio, Lula, André Borges, Marcelo Rigon, Leila Dumaresq e Anderson do Patrocínio no dia da entrega da cartilha
Da esquerda para a direita: Pedro Zambarda, Eddy Venino, Kao Tokio, Érika Caramello, Pedro Zambon, Rique Sampaio, Lula, André Borges, Marcelo Rigon, Leila Dumaresq e Anderson do Patrocínio no dia da entrega da cartilha. Foto: Ricardo Stuckert

No mês de maio, o Instituto Lula entrou em contato com três profissionais do mercado de videogames no Brasil. Até agosto, foram realizadas reuniões, presenciais e remotas, para discutir esse setor econômico, seu potencial de geração de empregos e como o ex-presidente poderia abordá-lo no futuro governo.

O instituto sugeriu aos profissionais que elaborassem uma cartilha para que fosse anexada no plano de governo do presidente. O nome Lula Play é do grupo de WhatsApp que conseguiu unir 30 profissionais do setor para a criação da carta. Você pode lê-la na íntegra neste link.

Nos últimos quatro anos, Jair Bolsonaro fez quatro cortes de impostos no setor dos games, que é sobretaxado e enquadrado como “jogo de azar”. As reduções, no entanto, foram irrisórias levando em conta a alta do dólar, que pesa no custo dos componentes, e a inflação. Isso jogou o preço de um game internacional de console no lançamento para R$ 350.

A cartilha Lula Play não defende somente a redução de impostos, mas um conjunto de ações do Estado e de fomento do mercado para mais empregos de qualidade, retomando editais públicos que foram cortados por Bolsonaro.

A carta se estrutura em cinco eixos: Formação e emprego; diversidade e inclusão; educação; soberania digital; e demandas da própria indústria. É um documento direcionado para consumidores de videogames, profissionais de desenvolvimento de jogos e profissionais do setor de eSports (esporte eletrônico) – que normalmente é assediado por Bolsonaro e seu filho Jair Renan, o 04.

As iniciativas focadas para desenvolvedores de games visam recuperar as universidades e institutos públicos e federais, fortalecendo também o mercado, para evitar a fuga de cérebros nesse setor. Com a crise econômica do governo Bolsonaro, muitos desenvolvedores se voltaram para o mercado internacional.

Da esquerda para a direita: Anderson do Patrocínio, Érika Caramello, Allan Richard, Guilherme Boulos, Erick Santos e Pedro Zambarda
Da esquerda para a direita: Anderson do Patrocínio, Érika Caramello, Allan Richard, Guilherme Boulos, Erick Santos e Pedro Zambarda. Foto: Divulgação/Drops de Jogos

Assim como o game, Lula Play é uma cartilha colaborativa. Ela foi apresentada primeiro ao ex-presidente em 17 de agosto. No dia 15 de setembro, o candidato a deputado federal Guilherme Boulos recebeu os signatários da carta para uma conversa de 40 minutos e prometeu levar suas demandas para a Câmara Federal.

Inicialmente a cartilha foi lançada com 13 signatários. São eles:

  • Alan Richard da Luz – professor doutor na área de Design de Games;
  • Anderson Patrocínio – advogado, mestrando em Ciências Humanas e Sociais (UFABC) e co-host do podcast de game studies Holodeck Regras do Jogo”;
  • Eddy Venino – jornalista, idealizador do projeto NOIZ Play e fundador do site Nerfando;
  • Erick Santos – advogado e doutorando em Direitos Humanos na USP. Diretor nacional do Movimento Acredito. Membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/ SP e da Executiva Municipal da REDE Sustentabilidade. Host do Overkill Podcast;
  • Érika Caramello – professora doutora na área de games. CEO da Dyxel Gaming;
  • Gilson Schwartz – professor livre-docente do Departamento de Cinema, Rádio e TV da ECA-USP. Presidente da ONG Games for Change América Latina;
  • Gustavo Mendes – candidato a deputado federal pelo PT-MG;
  • Henrique Sampaio – designer e jornalista, co-fundador do site Overloadr e criador do podcast Primeiro Contato;
  • Italo Furtado – designer de produto, CEO na Rogue Fairy;
  • Kao Tokio – editor de conteúdo do site de noticias Drops de Jogos e produtor cultural;
  • Leila Dumaresq – game designer na llex Games;
  • Marcelo Rigon – sócio e diretor executivo na Ilex Games;
  • Pedro Zambarda – editor-chefe do site de notícias Drops de Jogos. Jornalista e bacharel em filosofia.

O documento, no entanto, agora está aberto ao público. Você pode assiná-lo, prestando seu apoio, e fazer sugestões neste site oficial da campanha do ex-presidente Lula.

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