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Queremos ser uma republiqueta ou grande país? Por Paulo Nogueira

Clap, clap, clap: Barroso brilhou

Fiquei ressabiado quando vi que Luís Roberto Barroso tinha sido nomeado para o STF.

Pensei em Fux, em Barbosa.

E sabia que que Barroso tinha sido advogado da Abert, a associação de emissoras de tevê que funciona, a rigor, como o lobby da Globo.

Nesta função, ele assinou no Globo um artigo em que defendia a reserva de mercado da mídia com argumentos ridículos.

Um deles é que os chineses poderiam comprar uma emissora e, com ela, fazer propaganda do maoísmo.

Outro argumento invocado por Barroso afirmava que as novelas são um patrimônio cultural brasileiro.

Bem, tudo isto posto, o fato é que, no STF, Barroso logo se destacou como uma das vozes da razão e do progressismo.

Num determinado momento, quando Barbosa sob os aplausos da mídia cometia barbaridades, ele destacou seu “déficit civilizatório”, e a partir dessa bofetada moral o então presidente do STF jamais foi o mesmo.

E agora Barroso, na hora certa, se manifesta com enorme propriedade.

Ele definiu com precisão o impasse em que o país está já há um bom tempo atolado. Precisamente, desde que foram conhecidos os resultados das eleições, com a derrota jamais aceita de Aécio.

Temos que decidir se somos uma grande nação ou uma “republiqueta”, disse Barroso.

Clap, clap, clap. De pé.

Republiqueta é onde não se respeitam os votos. Onde tipos como Eduardo Cunha acham que podem barbarizar uma vida inteira sem consequências. Onde derrotados em eleições buscam pateticamente pretextos para obliterar a vontade popular.

Republiqueta é onde a imprensa dá ensurdecedora voz a golpistas como Aécio e FHC, e a corruptos como Cunha enquanto são úteis.

Republiqueta, em suma, é o que a plutocracia que tomou de assalto o Brasil gostaria que fôssemos sempre, porque assim suas mamatas e privilégios ficariam eternizados.

Foram estas mamatas e privilégios – tudo à base do dinheiro público – que fizeram do Brasil um dos símbolos mundiais da desigualdade social.

Dinheiro público que deveria construir escolas, hospitais, casas populares foi ao longo dos tempos dar na conta de um pequeno grupo de predadores.

Qual a família mais rica do Brasil? A família Marinho. De onde vem sua fortuna? Do dinheiro público.

Isto conta tudo.

Para a plutocracia, interessa que permaneçamos uma republiqueta. Claro.

Mas e para a sociedade como um todo?

Queremos ser uma republiqueta ou uma nação socialmente avançada e internacionalmente admirada como a Escandinávia pela qual tanto se bate o DCM?

Estes dois projetos de Brasil se enfrentam hoje.

A republiqueta está reunida em torno de Eduardo Cunha e de golpistas reacionários como Aécio e FHC, e a palavra mágica para eles é impeachment.

Queremos um país com as feições de Eduardo Cunha?

Barroso foi ao ponto.

Temos que escolher entre a republiqueta e uma nação moderna.

E não podemos deixar que um pequeníssimo grupo de privilegiados rapinadores – os plutocratas – decida por nós.

Porque eles escolherão o atraso, do qual sempre se beneficiaram.

É o que convém a eles. Mas não ao Brasil.

Paulo Nogueira

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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