“Rasos” e “descartáveis”: autores de livros didáticos detonam os slides de Tarcísio

Atualizado em 1 de setembro de 2023 às 20:46
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Marco Galvão/Alesp

Uma análise realizada pela Associação Brasileira de Autores de Livros Educativos (Abrale) aponta uma série de erros de português e de informação em slides usados nas escolas estaduais de São Paulo. Com informações do UOL.

O diagnóstico é que os materiais, que fazem parte da proposta do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) para um ensino 100% digital, seriam reprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do governo federal.

A associação analisou os slides usados ao longo de um mês nas turmas de 6º ano do Ensino Fundamental. Entre os problemas identificados estão erros gramaticais, falta de clareza na explicação de conceitos, como o uso da charge, pontuação e deficiências na abordagem de temas.

Material do governo de SP apresenta erro de crase. Imagem: Reprodução

“Isso nos permite recomendar que todo material sofra uma análise criteriosa. É um material descartável, porque dificilmente é recuperável”, disse Marcia Cecilia Condeixa, presidente da Abrale e autora de materiais educativos há mais de 40 anos.

A análise realizada pela associação envolveu autores para cada disciplina. São especialistas responsáveis pela produção de livros que passam pelo crivo do Ministério da Educação (MEC). “O material é raso, superficial e prejudicial à formação da cidadania, por não fornecer textos, contextos e argumentos extraídos do mundo real – e, quando lá estão, o uso é insatisfatório”, avaliou a associação.

A Abrale ainda identificou casos em que os slides copiam textos na íntegra de outros sites e artigos, sem dar os devidos créditos. Problemas em materiais de geografia também foram apontados.

Slide do governo de São Paulo usa texto do IBGE, mas não cita crédito. Imagem: Reprodução

O material entra em contradição ao afirmar sobre a importância de incluir títulos em mapas e trazer slides que apresentam mapas sem títulos ou legendas.

A Abrale destacou que, isoladamente, algumas falhas podem parecer de pouca relevância, mas, quando consideradas em conjunto, formam uma série de equívocos no ensino.

Em um dos slides, o conteúdo proveniente da Secretaria de Estado de Educação, comandada por Renato Feder, afirmou que foi Dom Pedro 2º, e não sua filha, a Princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea em 1888. A informação equivocada está presente nos materiais de história produzidos para o 8º ano do Ensino Fundamental.

Material do governo Tarcísio diz que Lei Áurea foi assinada por Dom Pedro 2º. Imagem: Reprodução

Em nota, a Secretaria de Educação disse que “a coordenadoria pedagógica da instituição vai reforçar a equipe de revisão para que haja aprimoramentos constantes nos recursos didáticos, sempre em total harmonia com o Currículo Paulista”.

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