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Redes fingem controlar fascistas porque dependem do ódio para ter audiência. Por Moisés Mendes

Sara winter

Os robôs censores das redes sociais identificam de longe a foto de uma bunda publicada, mas são incapazes de saber se a bunda é uma obra de arte renascentista, a bunda de um índio ou se é apenas pornografia. E assim censuram todas as bundas.

Assim como censuram pontualmente publicações do filho de Trump, de bolsonaristas do Gabinete do Ódio e de alguém anônimo que mereça ser censurado.

Quando a censura envolve um nome graúdo, as redes sociais tentam transmitir a ideia de que estão agindo em nome da verdade e contra a mentira e a desinformação.

Mas é uma ação ocasional e enganosa. Se funcionasse e fosse mais do que marketing, as redes sociais teriam que eliminar metade dos seus frequentadores. As redes quebrariam sem a turma da mentira e do ódio.

As redes dependem do ódio para sobreviver e promover audiências. É das raivas, do ressentimento, do preconceito, do racismo, da homofobia, é de tudo isso que as redes se retroalimentam.

As ações repressivas são seletivas, com a censura de postagens ou a eliminação de perfis.

Tanto que foi preciso que a Justiça determinasse ao Facebook, ao Twitter e ao Google que retirassem do ar as postagens criminosas da fascista Sara Winter, que divulgou o nome da criança grávida e do hospital em que ela estava em Pernambuco.

A bolsonarista queria e conseguiu mobilizar outros fascistas na tentativa de impedir que a gravidez da menina fosse interrompida.

Espalhou-se pelas redes sociais que Sara Winter havia divulgado o nome da criança. Todos sabiam do crime cometido. Mas as redes só agiram sob as ordens da Justiça.

Sara não estava emitindo uma opinião (que deve circular livremente, se for de fato uma opinião). Estava cometendo um crime, como muitos que são cometidos pelos que induzem as pessoas ao erro e até à morte na pandemia.

Então, parem com essa conversa de que as redes sociais seriam, como defende o ministro Luis Roberto Barroso, capazes de exercer controles contra os pregadores do ódio, produtores de fake news e difamadores.

As redes, que não conseguiriam conter todos os fascistas, não pegam nem mesmo quem poderiam pegar.

Pegam um ou outro, produzem a sensação de quem estão agindo, mas a regra é a impunidade de uma maioria que não mostra a cara.
Mas todas as bundas serão censuradas.

Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/

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Moisés Mendes

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