Ronnie Lessa é abandonado pela filha após delação: “Pesadelo da pior espécie”

Atualizado em 21 de março de 2024 às 15:19
Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle Franco. Foto: reprodução

Mohana Lessa, filha do ex-policial militar Ronnie Lessa, escreveu uma carta anunciando que, após a homologação da delação premiada de seu pai, não continuará tentando provar sua inocência após cinco anos.

Em carta enviada à CBN, Mohana afirmou que, caso seja comprovada a participação de Lessa nos assassinatos da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, manterá sua posição de romper relações com ele, classificando o crime como uma “brutalidade”.

O ex-PM, principal suspeito do crime, aceitou o acordo de delação premiada que pode levar a investigação até os mandantes do crime. Em sua carta, Mohana diz que o que seu pai fez é “totalmente contra o que pensamos, acreditamos e defendemos”.

“Sempre clamei por justiça, seja ela qual for. E isso não mudará nunca. De todo modo, nós, como família, não aceitamos e não aceitaremos qualquer proteção vinda desse acordo”, afirma, antes de mencionar que a participação no crime não foi de escolha dela e dos demais familiares. “Portanto as consequências também não serão nossas”.

Segundo Élcio de Queiroz, outro ex-PM acusado de participação no crime, Lessa teria sido contratado por um intermediário, cuja colaboração foi fundamental para entender seu papel na concepção e execução do assassinato.

Marielle e Anderson Gomes, assassinados em 2018. Foto: reprodução

Leia a carta escrita por Mohana Lessa:

Como eu havia dito há algumas semanas atrás, eu só queria que tudo fosse um pesadelo da pior espécie (do qual) que eu pudesse acordar e seguir minha vida.

Sem muitas delongas, a partir da confirmação da homologação de uma delação feita pelo Lessa (ou Ronnie, como eu conhecia), nós, como ‘família’, mantemos nosso posicionamento inicial. É inadmissível tamanha brutalidade cometida. É totalmente contra o que nós pensamos, acreditamos e defendemos.

Por 5 anos eu me desdobrei em mil e abri mão da minha vida para tentar provar a inocência de quem não era inocente. Eu confiava fielmente, até o último segundo. Não sei se era minha razão falando, ou meu coração. Minha mãe foi presa, meu tio foi preso, amigos foram presos, eu mesma fui processada, e isso tudo, a troco de que?

Sempre clamei por justiça, seja ela qual for. E isso não mudará nunca. De todo modo, nós, como família, não aceitamos e não aceitaremos qualquer proteção vinda desse acordo. Acreditamos que não temos absolutamente NADA a ver com essa história, e só queremos distância e paz disso tudo. A escolha desse crime não foi nossa, portanto as consequências também não serão nossas. Que Deus, com toda sua misericórdia, possa perdoar os responsáveis por isso tudo algum dia.

A escolha feita pelos participantes disso, sejam eles quem forem, acabou não somente com a vida da vereadora Marielle e seu motorista Anderson, como também de suas respectivas famílias, e com as nossas. Nada nunca mais será como antes.

Eu tenho a péssima mania de me desculpar por erros que eu não cometi. Portanto, me perdoem, do fundo do meu coração, por tudo o que eu não fiz. Eu realmente sinto muito; por vocês, e por nós. Espero sinceramente que Deus possa nos confortar de alguma maneira depois que tudo isso acabar (se for possível). E que tudo acabe logo.

Assinado: Mohana (em meu nome e de toda minha família, que compartilhamos do mesmo sentimento de decepção e tristeza).

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Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.