Destaques

“Rudes e barulhentos”: a Globo precisa de um manual de bons modos para seus jornalistas na Copa. Por Kiko Nogueira

Existe um manual menos hipócrita e mais útil à Globo do que aquele cobrando de seus empregados “isenção” nas redes sociais: o de bons modos.

O escritor inglês Jonathan Wilson, especializado em futebol, editor da revista “The Blizzard”, está cobrindo a Copa para o Guardian.

No Twitter, reclamou da equipe da emissora.

“Não tenho nada contra o Brasil, mas quanto mais cedo a TV Globo sair desse torneio, melhor. Milhares deles, barulhentos e rudes no que deveria ser uma área de trabalho”, escreveu.

“Pode ser que minha paciência esteja encolhendo, mas… Jesus, como eles são irritantes”, acrescentou depois para o colega Marcus Speller.

O site Notícias na TV corrigiu Wilson, lembrando que são, na verdade, 197 pessoas.

Faz sentido mandar quase duzentos pachecos para cobrir esse evento? Já não basta um Galvão Bueno?

Galvão é um símbolo do que critica Wilson.

Segundo a Veja, “os profissionais que trabalham com Galvão Bueno na Rússia estão cansados das grosserias gratuitas”.

Ele já apareceu num vídeo batendo boca numa viagem de trem.

Nas imagens, se exalta e destrata um funcionário da companhia, provavelmente o comissário de bordo.

Segundo o departamento de Comunicação da Globo, Galvão “estava apenas lutando por seus direitos”: havia outro cidadão em seu lugar.

“Não, não, não, não, não! Não aponte o seu dedo na minha direção!”, diz ele, enquanto mostra o indicador para o homem. “Abaixe sua mão!”

Em seu programa, Júnior respondeu em alto nível a Osório, técnico do México que reclamou — com razão — da “palhaçada” de Neymar no jogo: “Vai chorar no pé da santa”, disparou, em carioquês.

Na Olimpíada de 2016, um narrador da BBC se queixou ao vivo de Galvão durante uma prova de natação com Michael Phelps.

“É muito, muito barulho no estádio. E muito barulho vindo aqui de perto de mim. Este comentarista precisa calar a boca no começo da prova”, disse.

“Desculpem. Neste momento, por exemplo: todo mundo está quieto, mas ele não”.

Neymar e Galvão têm uma relação de simbiose muito maior do que fazem supor as eventuais escaramuças que aparecem entre eles.

Um é destemperado em campo, o outro fora. Ambos se merecem.

São o retrato de um Brasil. Não o meu e o seu. Um Brasil folclórico, falso, rico e mimado, concessão da Globo.

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

Disqus Comments Loading...
Share
Published by
Kiko Nogueira

Recent Posts

Lula garante força tarefa do governo federal para reconstrução do RS após temporais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o governo federal vai destacar…

7 minutos ago

Fake news: Governo Lula não pagou por show de Madonna

O governo federal desmentiu informação falsa, que vem sendo compartilhada em redes sociais, de que teria patrocinado…

2 horas ago

Quase 850 mil são atingidos diretamente por catástrofe no RS

Quase 850 mil pessoas (844.673) foram impactadas até o momento pelas chuvas fortes que atingem…

2 horas ago

Dono de Mercedes que tirava racha, matou 2 e deixou bebê paraplégico vive impune

O acidente na Rodovia Imigrantes, em 2018, deixou um rastro de destruição e dor para…

3 horas ago

Com mensagem do Papa e visitas de Lula, RS registra 78 mortos após tragédia

O Rio Grande do Sul enfrenta uma tragédia sem precedentes, com 78 mortos e 105…

3 horas ago

Governo federal reconhece calamidade pública em 336 municípios do RS

O Governo Federal reconheceu calamidade pública em 336 municípios do Rio Grande do Sul devido…

4 horas ago