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Se for mesmo para os Estados Unidos, Moro já vai tarde. Por Paulo Nogueira

Bye

Enfim uma boa notícia.

Moro planeja passar um ano nos Estados Unidos, depois da Lava Jato. Seria, segundo a colunista Mônica Bergamo, entre 1918 e 1919.

Bem, antes de tudo, é difícil crer que a Lava Jato chegue ao fim. São já dezenas de operações e fases, e não se vê sinal de desfecho.

É mais provável que ela vá murchando, e murchando, e murchando — até sumir. Onde foram parar aquelas ações espetaculares, transmitidas euforicamente pela mídia?

A real missão da Lava Jato — derrubar o governo de Dilma — já foi alcançada.

Se for mesmo para os Estados Unidos, Moro já vai tarde. O Brasil tem que tirar férias de Moro. De preferência, esquecê-lo, por tudo que ele representou e representa.

Moro simboliza a antijustiça. Ele é a negação do conceito de imparcialidade da Justiça. Nisso tem a companhia de Gilmar Mendes, mas há uma grande diferença entre os dois: Moro tem muito mais poder. Por isso é bem mais deletério que Gilmar.

Gilmar fala muito, mas pode fazer pouco. Moro pode fazer muito sem falar nada.

Quando se fizer um balanço de Moro e da Lava Jato, se verá que os prejuízos superaram amplamente os ganhos.

Combate à corrupção pela metade — só vale pegar petistas — é um mal terrível. Você luta de mentirinha contra a roubalheira. Você usa a Justiça para perseguir seus inimigos, e ponto. Os costumes se corrompem. É o triunfo do cinismo e da hipocrisia.

Considere os efeitos práticos de Moro e sua criatura. Sob o pretexto da corrupção, uma mulher honesta foi encurralada até ficar sem saída e ser apeada do poder.

Tudo isso para colocar no Planalto Temer, Jucá, Geddel e tantos outros do gênero. Se fosse pela corrupção, não seria assim.

No golpe de 1964, pelo menos as aparências foram mantidas inicialmente. A corrupção foi, como agora, brutalmente usada como pretexto pelos golpistas. Mas o militar posto na presidência, Castelo Branco, tinha a aura de um homem incorruptível, simples, frugal. Note: eu disse “aura”.

Nem isso Temer tem. O que o aproxima de Castelo é um detalhe físico: a ausência de pescoço.

Os filhos da Lava Jato são dantescos. Temer é filho da Lava Jato. A crise política e econômica que nos flagela é filha da Lava Jato. A impunidade insuportável de corruptos como Aécio, Serra e Alckmin é filha da Lava Jato.

É este o legado de Moro. Pioramos e muito depois dele. Os fatos, os números, as estatísticas estão aí. Éramos uma democracia que avançava — lentamente, é certo — na igualdade social. Somos agora uma República de Bananas voltada, como sempre aconteceu, para os ricos. Para os privilegiados. Para a plutocracia.

Moro já vai tarde.

Bye.

Paulo Nogueira

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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