Por Moisés Mendes
São muitos e convictos os anunciadores da próxima missão de Bolsonaro. O sujeito perde a eleição e no dia seguinte vira o líder da oposição, numa espécie de arremedo de Donald Trump imbrochável.
O ex-tchutchuca do centrão passaria a ser o comandante de uma “oposição aguerrida” ao novo governo petista, como disse William Waack na entrevista com Lula na CNN.
Que bobagem. Bolsonaro não tem partido e não tem turma e não será ninguém fora do governo.
Bolsonaro tem os militares, que irão abandoná-lo, porque não mais terão emprego e poder, tem os milicianos e tem o centrão, que comprou com o orçamento secreto.
Bolsonaro, como disse alguém há muito tempo, não tem nem cachorro. E agora ficará sem mandato.
O genocida calibrou mal seu ímpeto extremista e passou dos limites. Até seus seguidores estão exaustos de tanta crueldade e bobagem.
Esta semana, ele disse em entrevista que, se perder a eleição, recolhe-se às lidas da casa e abandona a política.
“Com a minha idade, eu não tenho mais nada a fazer aqui na Terra se acabar essa minha passagem pela política em 31 de dezembro”.
Pode ser a única manifestação de sabedoria do sujeito, depois de 27 anos de mandatos medíocres e de quatro anos de governo. Ele nunca fez parte de nenhum grupo do Congresso.
Bolsonaro, ao contrário do que dizem, não era do centrão, nunca participou de nada de relevante, não frequentava comissões e nem discursar ele discursava.
William Waack não sabe que a morte política de Bolsonaro será a única chance de reabilitação da velha direita e do que chamavam de centro, acomodados por tanto tempo no PSDB.
Com Bolsonaro derrotado, a terceira via terá chance de buscar nomes em meio aos que estão aí e aos que podem aparecer mais adiante.
A morte do genocida – que não terá forças nem para ser líder do condomínio – deve ser comemorada, e não lamentada pela velha direita do jornalismo brasileiro.
Apesar que, em muitos casos, essa direita seja hoje parte da extrema direita, mesmo que envergonhada.
Texto originalmente publicado no BLOG do autor.