Sem provas, Dallagnol diz que ministros do TSE “entregaram sua cabeça” por vaga no STF

Atualizado em 23 de maio de 2023 às 23:00
Deltan Dallagnol com expressão séria, de óculos
Deltan Dallagnol – Foto: Reprodução

Sem provas, o ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou que os sete ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) combinaram nos bastidores a decisão de cassar seu mandato antes mesmo do julgamento pelo plenário da corte. Para ele, tudo não passou de um jogo de interesses que seguiu o ritmo da “música tocada” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As críticas mais duras feitas pelo ex-coordenador da Lava Jato foram direcionadas ao relator do processo, ministro Bento Gonçalves: “O ministro condutor do voto trouxe um voto que objetiva entregar a minha cabeça em troca da perspectiva de fortalecer a sua candidatura ao Supremo”, disse, em entrevista à Folha de S.Paulo.

De acordo com o parlamentar, a decisão tomada no último dia 16 aconteceu após outros seis integrantes da corte eleitoral serem influenciados pelo governo Lula: “A decisão ofende não apenas a lei, não apenas a Constituição, mas ofende o que tem de mais sagrado na democracia, que é o poder da população expressado pelo voto. Quando um tribunal faz isso fora da hipótese legal, ele está colocando em risco a nossa democracia”.

“O fato de ter existido uma unanimidade nessa decisão tomada em 66 segundos mostra que ela foi combinada. Ainda mais que, em visitas a ministros [do TSE], houve ministro que nos assegurou que a sua posição era de que eu estava elegível e de que não compactuaria com alguma decisão política que viesse em sentido contrário ao direito”, respondeu, ao ser perguntado sobre a unanimidade da decisão.

Benedito Gonçalves com expressão confusa olhando para o lado
Ministro Benedito Gonçalves foi quem recebeu as críticas mais duras de Dallagnol – Foto: Reprodução

Sobre a afirmação de que os ministros teriam combinado de cassar seu mandato nos bastidores em vez de discutir o tema apenas em sessão pública, Dallagnol disse que tudo foi guiado por interesses, como já havia apontado o ministro Marco Aurélio Mello.

“O equívoco técnico da decisão, o fato de os votos e pareceres anteriores terem sido unânimes no sentido oposto, o mau sentimento nutrido por ministros de cortes superiores em relação a mim e à Lava Jato, o rápido tempo de julgamento sem debates, a intenção de vingança declarada pelo governo e investigados, são razões que conjuntamente me levam a acreditar que a interpretação do ministro Marco Aurélio está em geral, sim, correta”, afirmou.

Já respondendo quais seriam esses interesses, o político do Podemos disse que o ponto de partida são as duas vagas que estão abertas para serem preenchidas no STF [Supremo Tribunal Federal], que seriam cobiçadas por ministros que estavam no TSE, para ocupação ou indicação:

“O presidente da República tem um poder imenso na mão ao escolher os integrantes do STF. E esse poder de indicação faz com que muitos ministros, muitas autoridades, vão dançar a música que o presidente da República decidir tocar; e o presidente da República já tocou uma música muito clara em diversos momentos, que é a música da vingança contra a Lava Jato”.

Dallagnol acrescentou que foi isso que fez com que Benedito Gonçalves desse o voto que tinha o objetivo de “entregar sua cabeça em troca da perspectiva de fortalecer a sua candidatura para uma vaga no STF”: “Esse ministro deveria ter se declarado suspeito por ter sido alvo, segundo a imprensa noticiou, de uma delação no âmbito da Lava Jato e num contexto em que nós já vemos vários sinais de amizade e de proximidade entre esse ministro e o próprio presidente Lula”.

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